Saúde & Qualidade de Vida

Fatores genéticos e alimentação influenciam a formação da cárie dentária

As cáries dentárias configuram uma das doenças globais mais comuns e podem levar a consequência variadas, que vão dos problemas emocionais à baixa autoestima e a problemas de saúde. Mais crítico ainda é o prejuízo socioeconômico que o mal pode causar, que só se revela ao longo da vida da pessoa.

Afinal, a cárie pode afetar a capacidade de aprendizagem das crianças, resultar em ausências na escola e no trabalho, na perda de produtividade e no aumento dos custos de saúde, sobretudo na terceira idade. Ainda, pode criar sérias complicações para o organismo.

Se for dolorosa, em função da dificuldade que provoca na mastigação, pode levar à desnutrição. Para o controle da dor, leva a um risco maior de abuso de drogas. Ainda, pode criar complicações cardíacas, incluindo uma infecção do coração chamada endocardite bacteriana subaguda.

A doença é provocada principalmente por bactérias estreptocócicas normalmente encontradas na boca, cuja incidência normalmente aumenta com o surgimento da cárie dentária. Encontrando um caminho para entrar na corrente sanguínea, as bactérias chegam ao coração e infectam as válvulas cardíacas, levando à perda de função, embora muito raro, podendo até levar à morte.

Mas, não é só isso. Recentemente, relatórios documentaram que cáries dentárias não tratadas podem resultar em infecções cerebrais e morte.

Diante de todos esses alertas, mais do combater o problema com a higiene bucal adequada, também é importante buscar mais informações sobre a doença.

Microbioma propício

De acordo com o professor Jeffrey Ebersole, que leciona Ciências Biométicas na Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, existem quatro características biológicas da boca que propiciam o surgimento da doença, a começar pela presença das bactérias. “O que uma pessoa come também é importante. A quantidade e a frequência de ingestão de carboidratos determinam a quantidade de ácido que será criada, pois o ácido na boca dissolve a cobertura de esmalte que protege os dentes. A química da saliva que banha a cavidade oral e protege os dentes contra as cáries é outro aspecto importante da saúde. E, finalmente, a genética contribui para as características estruturais dos dentes e para a capacidade de resistirem à cárie dentária”, explica Ebersole em artigo no The Conversation.

De acordo com o professor, desde que os relatórios os primeiros relatórios do Projeto do Microbioma Humano foram publicados em 2008, muito coisa foi aprendida sobre saúde e sobre as doenças relacionadas ao microbioma da boca. “Um dos insights mais importantes é o complexo conjunto de bactérias relacionadas às cáries, especialmente às graves. Estudos de microbiologia molecular forneceram novas evidências sobre a biologia e sobre a ecologia da cárie dentária e os patógenos que levaram a novas estratégias e alvos para a terapêutica”, destaca.

De mãe pra filho

Segundo Ebersole, os estudos demonstraram que o microbioma relacionado às cáries tem relação com o tipo de alientação que a pessoa ingere. “As bactérias da cárie dentária colonizam a cavidade oral no início da vida e são transmitidas da mãe para o bebê . O que pode inclinar a balança para a cárie é a dieta, que desempenha um papel central na forma como a cárie dentária se expressa”, revela.

Ebersole explica que as bactérias fermentam uma grande variedade de carboidratos , como açúcar e frutose, produzindo ácido. “Esse ácido se acumula no biofilme bacteriano dos dentes, resultando em cáries. Bactérias produtoras e amantes de ácido são as principais responsáveis ​​pela dissolução do esmalte que protege o dente. Uma vez que o esmalte é dissolvido, a porção subjacente do dente, a dentina, é mais macia e mais facilmente destruída pelo ácido, levando a uma expansão mais ampla e profunda da cavidade”, descreve.

O professor ressalta que, para compensar a corrosão, produtos terapêuticos recentes contendo agentes que bloqueiam a ação do ácido, como a arginina, são incluídos em dentifrícios e enxaguantes bucais, apresentando grande eficiência no combate à doença. “As evidências também sugerem que outros micronutrientes dietéticos, como a vitamina D, podem reduzir o risco de cáries. Esses achados enfatizam uma melhor compreensão da biologia desta doença global para melhorar a prevenção e o tratamento de cáries”, diz.

A saliva no processo

Estima-se que uma pessoa engula cerca de um litro de saliva por dia e é sabido que o fluxo de saliva diminui substancialmente durante o sono e aumenta ao comer ou mesmo ao pensar em comida. “Essa limpeza mecânica é crítica para a saúde da boca. No entanto, está claro que a produção de saliva normal e o fluxo salivar variam entre a população. O menor fluxo salivar é considerado um risco para cárie dentária”, diz o professor.

Ebersole também considera importante ressaltar que fatores internos e externos podem impactar o fluxo salivar. “Isso pode incluir radioterapia, doenças sistêmicas como diabetes , doenças auto-imunes que afetam as glândulas salivares, uma grande variedade de produtos farmacêuticos e o próprio envelhecimento”, enumera.

Além disso, o professor revela que novas pesquisas apoiam firmemente a contribuição genética como fator de risco e de desenvolvimento de cáries. “A provável influência genética são as características dos dentes e a capacidade da saliva de proteger a boca. É claro que o microbioma em sua boca é fundamental para conduzir um ambiente onde podem se desenvolver cáries”, conclui.

Portanto, diante das considerações do professor Ebersole, convém reforçar a recomendação para que a higiene bucal correta e frequente seja mantida, sobretudo quando houver a ingestão de bebidas e de alimentos que aumentam o risco de ocorrência da cárie. Também não custa lembrar sobre a necessidade da visita regular ao dentista.

 


 

Uma dica

Para mais informações sobre os temas abordados nessa matéria, acesse os links disponíveis ao longo do texto. Eles remetem às fontes utilizadas aqui. 

Uma dica: os artigos fora da página do Comunidade Ativa que não estiverem em português podem ser traduzidos automaticamente pelo navegador pelo seu navegador. Pra isso, basta clicar com o botão direito em qualquer ponto do texto a ser traduzido e escolher a opção “Traduzir para o português”.