A segurança em condomínios é boa, mas pode melhorar
O Censo dos Condomínios 2024/25 confirma algo que faz parte do entendimento comum há bastante tempo. De acordo com o levantamento feito pela plataforma uCondo, em parceria com o IBGE, Receita Federal e organizações do segmento imobiliário, a segurança que a estrutura condominial oferece lidera o ranking dos motivos que levam as pessoas a escolherem condomínios para morar.
Entre os entrevistados, 68% citaram o con- trole de acesso aos edifícios como um fator decisivo para a escolha de um imóvel. O conforto está presente em 55% das respostas, enquanto 42% também incluíram a valorização patrimonial como um dos critérios de decisão na hora da compra.
Mas, será que basta morar em um condomínio para viver em segurança?
Estatísticas
De fato, as estatísticas comprovam que a segurança nos condomínios tende a ser maior do que nas casas de Belo Horizonte. Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp/MG), no primeiro trimestre de 2025, foram registrados 2.230 furtos a residências na capital, com 250 ocorrências em condomínios, o que representa pouco mais de 11% do total.
Contudo, esses mesmos números revelam que, ainda que em menor grau, os riscos nos edifícios permanecem, o que torna necessária a atenção para fatores que criam vulnerabilidades no espaço condominial.
Segundo o presidente do Sindicato dos Condomínios Comerciais, Residenciais e Mistos de Minas Gerais (Sindicon-MG), Carlos Eduardo Alves de Queiroz, o erro mais comum que torna os edifícios de Belo Horizonte vulneráveis à ação dos criminosos é o esquecimento de portões abertos, sobretudo os de garagens. “São muitos os casos de síndicos que reclamam conosco de objetos que estavam na garagem e que foram furtados por pessoas que não acharam nenhum obstáculo para entrar no condomínio”, relata Queiroz.
Outro ponto vulnerável está na confiança que muitos porteiros têm em pessoas bem vestidas, que não aparentam ser criminosas. Com isso, alegando serem parentes de moradores, muitas delas recebem per- missão para entrar nos edifícios sem qualquer dificuldade. “No Brasil, as pessoas estão acostumadas a fazer juízo de valor das outras pela aparência, e as que estão dentro de um determinado padrão são consideradas acima de qualquer suspeita. Porém, esse tipo de avaliação pode colocar todo o condomínio em perigo. Assim, a recomendação é não deixar entrar ninguém que não se identifique”, aconselha o presidente do Sindicon-MG.
Vizinhança
A capacitação de moradores e de funcionários e o uso de tecnologia estão entre os principais recursos de proteção dos condomínios citados pelos especialistas em segurança condominial. Entretanto, considerando que as ameaças são externas, a união com a vizinhança do entorno do edifício, que viabilize a adoção de expedientes coletivos capazes de ampliar a vigilância e a prevenção, também é forte aliada na proteção das pessoas e do patrimônio.
De acordo com o presidente da Amoran, é nesse contexto que se apresenta a Rede de Proteção Preventiva (RPP), que está sendo organizada pela associação (clique aqui para saber mais). “Há um provérbio bíblico que diz que mais vale um vizinho perto do que um irmão distante e essa máxima tem significado muito especial nos momentos de dificuldade, como os criados pelo crime. As forças de segurança são unânimes em dizer que quando há união entre vizinhos, sejam eles de condomínios, de casas ou do comércio, a capacidade de vigilância do entorno e de adotar medidas de proteção aumenta muito e, com isso, aumenta a segurança local”, destaca.
Para Carlos Alberto, essa união tem efeito direto na segurança condominial, mas também contribui com a segurança geral. “Devemos lembrar que as ameaças estão principalmente fora do condomínio, quando os moradores estão na rua ou estão chegando ou saindo do edifício. Por isso, é importante buscar medidas que alcancem o espaço públi-co. Afinal, o condomínio fica mais seguro se o entorno é mais seguro”, conclui.