Capítão Mauro: 30 anos dedicados à segurança da nossa região
Prata da casa é uma expressão que define bem a relação que o capitão Mauro Lúcio da Silva tem com a região onde passou toda a vida e desenvolveu sua carreira na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Nascido, criado e até hoje morador do bairro Serra, onde está a sede da 127ª Cia do 22º Batalhão da PMMG, foi para aquela unidade que Mauro foi designado como sol- dado, logo que entrou na corporação, em 1995, e foi como comandante da mesma companhia que concluiu sua trajetória, ao transmitir o comando para o capitão Pantuzzo, no último dia 12 de agosto.

Trajetória
Oitavo dos dez filhos do Seu Valdomiro e de Dona Eva, Mauro conta que foi o único da prole a concluir um curso superior, mesmo tendo iniciado os estudos tardiamente. “Segundo minha mãe, eu era muito pirracento e não queria ir para a escola. Como ela e meu pai não tinham escolaridade, para eles, isso era natural. Foi minha irmã quem me matriculou na primeira série, já aos nove anos”, recorda.
Mas o atraso inicial não impediu que Mauro desse sequência aos estudos, que o levaram à conclusão do 2º Grau — hoje Ensino Médio — e à aprovação no concurso para o posto de soldado da PMMG. “Concluído o curso de formação no 22º Batalhão, fui designado para a 127ª Cia, que, então, era sediada no Sion. Trabalhei como soldado nos bairros Serra, Cruzeiro, Anchieta e Sion. Em 1997, passei no concurso para o Curso de Formação de Sargentos e retornei para a 127ª, que já estava na sede atual, onde fui comandante de guarnição. Por mérito, fui promovido a segundo e a primeiro sargento”, relata.
Mas, ainda faltavam outras conquistas e Mauro seguiu em direção a elas. Em 2009, graduou-se em Direito, foi aprovado no exame da OAB e logo buscou uma pós-graduação em Direito Penal. Em 2012, foi aprovado para o Curso de Formação de Oficiais da PMMG e passou um período em Pirapora. Em 2014, já tenente, retornou à 127ª, assumindo o comando do Grupo Especial de Policiamento em Área de Risco (Gepar) e o subcomando da companhia. Promovido a capitão em 2021, no ano seguinte, tornou-se comandante da com- panhia, cargo que exerceu até agosto deste ano.
Comunidade parceira
Segundo o capitão, como ocorre com boa parte das pessoas que iniciam a carreira policial, a grande vontade que ele tinha quando ingressou na polícia era a de prender bandidos. Aliás, episódios trágicos de sua história — Mauro teve dois irmãos assassinados — serviram como reforço para esse ideal, mas uma novidade surgida nos anos 1990 criou nova perspectiva para a sua vida profissional. “O 22º Batalhão foi berço do policiamento comunitário. Já no curso de soldado, eu e meu irmão Marcelo, que entrou junto comigo na PM, fomos escolhidos para trabalhar com crianças do Aglomerado Santa Lúcia, como forma de aproximação com os moradores locais”, diz.
Aquele seria o princípio da disposição para atuar em parceria com a comunidade, uma decisão corporativa da PMMG que resultou em grandes avanços para a segurança pública da nossa região e que teve a participação efetiva de Mauro. O capitão conta que as interações com a população foram produtivas e lembra como a ação dos moradores por meio das associações de bairro viabilizou várias realizações.
Nesse sentido, Mauro destaca a mudança da 127ª Cia para a Rua Trifana, que contou com o apoio da extinta Sociedade Amigos da Serra, e as várias contribuições da comuni- dade do Anchieta e do Cruzeiro feitas a partir da Amoran. “Numa época muito difícil, a Amoran acolheu a sede do 3º Pelotão da 127ª, que se tornou uma extensão da casa dos policiais. Ainda, conseguiu uma viatura para o pelotão (doada pela Fumec) e doou motocicletas, bicicletas para a bike patrulha e rádios comunicadores para desenvolvimento da atividade policial militar. Também não se esqueceu da parte humana, oferecendo local apropriado para os militares. Era um trabalho bacana. Os policiais eram conhecidos dos moradores e ficavam por longos períodos trabalhando no bairro, o que facilitava a comunicação”, reconhece.
Futuro
No dia 9 de setembro, capitão Mauro inicia uma nova etapa de sua vida, passando para a reserva da PMMG. Em breve, será promovido a major e, aos 51 anos, completados no último dia 24, não tem nenhum plano concreto para o futuro, mas tem prioridades. “O futuro pertence a Deus. Tenho recebido convites, mas ainda não me vejo trabalhando em outro lugar. Afinal, foram 30 anos aqui na região. O que sei é que as minhas duas crianças, Ana Laura, com três anos, e Daniel, com oito, e minha esposa Fabiane são as prioridades da minha vida”, conclui.