Saúde & Qualidade de Vida

Vacinas são armas poderosas para barrar as mutações do coronavírus

Dando crédito a mais uma confusão de informações — ou a esforços deliberados de desinformação — há que esteja afirmando que a responsabilidade pelo surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, é das vacinas. Contudo, especialistas indicam que ocorre exatamente o contrário: a vacinação em massa contribui para diminuir a propagação do vírus e, por consequência, dificulta o surgimento das mutações.

Essa afirmação é corroborada em artigo publicado no The Conversation pelos professores Vaughn Cooper, que leciona Microbiologia e Genética Molecular, e Lee Harrison, docente de Epidemiologia, Medicina, Doenças Infecciosas e Microbiologia, ambos da Universidade de Pittsburg, nos Estados Unidos. Cooper estuda os processos de evolução biológica e Harrisson é pesquisador de epidemiologia de doenças infecciosas. Desde o início da pandemia, ambos estão acompanhando de perto as mutações do coronavírus.

A dupla considera natural as pessoas acreditarem que as vacinas contra a Covid-19 estejam levando ao surgimento de variantes do vírus. Porém, eles destacam que, com menos de 40% da população mundial tendo recebido pelo menos uma dose de vacina — apenas 2% em países de baixa renda — e quase um milhão de novas infecções ocorrendo no mundo todos os dias, o surgimento de novas variantes, inclusive as mais contagiosas, como a delta , vem sendo impulsionado pela transmissão descontrolada da Covid-19 e não pelas vacinas.

Erro de cópia

Cooper e Harrison explicam que existem imperfeições que ocorre no momento em que o vírus replica o código genético, fazendo com que cerca de 3% das novas cópias do vírus apresentem um novo erro aleatório , também conhecido como mutação.

 

 

De acordo com os cientistas, quase todas as mutações são falhas inofensivas que não mudam a forma como o vírus funciona e existem até aquelas que prejudicam o desenvolvimento viral. Porém, algumas pequenas mudanças podem tornar um vírus mais infeccioso, mas os mutantes devem ter a sorte de conseguir saltar com sucesso para uma nova pessoa e de replicar muitas cópias, criando assim uma nova variante.

Gargalo de transmissão

Cooper e Harrison destacam que a maior parte dos vírus em uma pessoa infectada é geneticamente idêntica à cepa que iniciou a infecção. “É muito mais provável que uma dessas cópias — não uma mutação rara — seja passada para outra pessoa. Um pesquisa mostra que quase nenhum vírus mutante é transmitido de seu hospedeiro original para outra pessoa. E mesmo que um novo mutante cause infecção, os vírus mutantes geralmente são superados em número por vírus não mutantes no novo hospedeiro e, geralmente, não são transmitidos para a próxima pessoa”, apontam.

Segundo os cientistas, a redução da probabilidade de um mutante ser transmitido é chamada de gargalo de transmissão (veja a imagem) que torna um evento casual o surgimento de cada nova variante. Porém, Cooper e Harrison alertam para o fato de que a propagação descontrolada de um vírus possa superar até mesmo os gargalos mais rígidos. “Embora a maioria das mutações não tenha efeito sobre o vírus, algumas aumentaram o grau de contágio do coronavírus . Se uma cepa de disseminação rápida for capaz de causar um grande número de casos de Covid-19 em algum lugar, ela começará a competir com cepas menos contagiosas e a gerar uma nova variante — assim como fez a variante delta”, eles dizem.

Assim, com mais de um milhão de novas infecções ocorrendo todos os dias e com bilhões de pessoas ainda não vacinadas, raramente haverá escassez de hospedeiros apropriados. Portanto, Cooper e Harrison consideram que a seleção natural favorecerá mutações que possam explorar todas essas pessoas não vacinadas e tornar o coronavírus mais transmissível.

Portanto, a principal barreira para esse fenômeno seria reduzir o número de novas infecções.

Vacinas impedem novas variantes

Para a dupla, como o objetivo é limitar as infecções, as vacinas são a resposta. “Mesmo que as pessoas vacinadas ainda possam ser infectadas com a variante delta elas tendem a ter infecções mais curtas e leves do que as pessoas não vacinadas. Isso reduz muito as chances de uma mutação que torne o vírus mais transmissível ou que ele obtenha imunidade além das vacinas”, afirmam.

Um fato ressaltado pelos pesquisadores está na relação entre o número de infecções e o aumento de mutações. “O coronavírus permaneceu essencialmente inalterado por meses, até que a pandemia saiu do controle. Com relativamente poucas infecções, o código genético teve oportunidades limitadas de sofrer mutação. Mas, à medida que os grupos de infecção explodiram, o vírus rolou os dados milhões de vezes e algumas mutações produziram mutantes mais aptos. A melhor maneira de impedir novas variantes é interromper sua disseminação e a resposta para isso é a vacinação”, concluem.

 

 

 


 

Uma dica

Para mais informações sobre os temas abordados nessa matéria, acesse os links disponíveis ao longo do texto. Eles remetem às fontes utilizadas aqui. 

Uma dica: os artigos fora da página do Comunidade Ativa que não estiverem em português podem ser traduzidos automaticamente pelo navegador pelo seu navegador. Pra isso, basta clicar com o botão direito em qualquer ponto do texto a ser traduzido e escolher a opção “Traduzir para o português”.