Cidadania

Mesmo com reservatórios em níveis confortáveis, risco de desabastecimento de água permanece em BH. Condomínios têm papel relevante no esforço de economia.

Ainda que atualmente os reservatórios da Copasa que compõem o sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) estejam em níveis bastante confortáveis — todos acima de 90% —, um relatório do Legislativo Municipal indica que o risco de desabastecimento hídrico continua ameaçando a capital. Por isso, o tema da economia de água deve continuar merecendo a atenção da população, gerando interesse especial em grandes consumidores, como são os condomínios.

Afinal, além de representar uma contribuição indispensável para a preservação de um recurso cuja escassez cria apreensão em todo o mundo, a racionalização do uso também pode significar uma economia considerável no orçamento condominial. Sendo assim, é fundamental que tanto os síndicos quanto os condôminos — assim como todos os demais belo-horizontinos — compreendam a real situação do abastecimento de água da cidade.

Com base nisso, todos devem se sentir motivados a buscarem meios para garantir que o consumo ocorra de forma consciente e sustentável. Para ajudar nesse sentido, o Comunidade Ativa informações bastante úteis.

Confira!

Situação atual do abastecimento na RBMH

De acordo com os relatórios da Copasa publicados em 25 de maio, os reservatórios dos sistemas Paraopeba, Rio Manso e Serra Azul estão nivelados em mais de 94% da capacidade total de armazenamento de água, enquanto o Vargem das Flores vem se mantendo acima dos 91% nas últimas medições (veja no quadro ). Naturalmente, esta é uma situação que cria tranquilidade para os consumidores em geral, o que não significa que o desperdício possa ser admitido.

É preciso considerar que situação pode ser reverter novamente, o que é corroborado por fatos não muito distantes. Ainda está bastante viva em nossa memória a crise hídrica de 2017, que disparou o alarme para o risco de a escassez de água na RMBH. O alerta se tornou ainda mais intenso em 2019, quando houve o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, que levou a interrupção na captação de água no Rio Paraopeba.

Como reação ao risco criados pelo episódio de Brumadinho, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) criou uma comissão para estudar o abastecimento de água da cidade no ponto de captação do Paraopeba. As análises foram realizadas com base em pareceres da Copasa e da Vale emitidos sobre o assunto.

Em dezembro de 2020, a comissão da CMBH publicou o relatório final sobre a situação do abastecimento hídrico de Belo Horizonte com uma conclusão preocupante. De acordo com os vereadores que participaram da análise, considerando que a Vale não cumpriu o prazo para a entrega de uma nova fonte de captação de água no Rio Paraopeba, a capital e a região metropolitana continuam na dependência direta das chuvas de curto prazo.

Em outras palavras, isso significa que se o período de estiagem se alongar, a situação de escassez hídrica novamente pode bater às nossas portas.

A economia é necessária

Mais do que uma atitude de civilidade, não resta dúvidas de que a racionalização do uso da água é uma questão de inteligência básica. O risco de faltar o recurso é real em todo o mundo e Belo Horizonte não escapa dessa possibilidade.

Sendo assim, as velhas e bem conhecidas recomendações para usar conscientemente, evitando desperdícios precisam ser seguidas por todos. Contudo, nesse aspecto, as atitudes dos síndicos podem significar uma contribuição ainda mais importante para a economia de água.

Faz bem pro caixa do condomínio

De acordo com declaração o gerente condominial Tarcísio Mota ao site Sindiconet, entre 15% e 20% das despesas totais de um condomínio são geradas pelo consumo de água, com o valor podendo crescer de acordo com a disponibilidade de equipamentos nas áreas comuns — como piscinas, saunas e academias. “É preciso, então, analisar onde o gasto é maior: nas áreas comuns ou nos apartamentos”, avalia Mota.

Para incentivar a economia, o gestor acredita que abordar individualmente cada condômino seja mais eficaz do que o tratamento dado ao assunto nas assembleias, que, muitas vezes, contam com baixa adesão. Mota indica que, com a colaboração de todos, além de estimular atitudes de economia — como o encurtamento dos banhos —, a fim de detectar vazamentos, torneiras pingando e vasos sanitários com caixas acopladas defeituosas, entre outros problemas, também é necessário efetuar vistorias nas unidades, . “Há chance de vazamentos quase imperceptíveis quando não há manutenção”, considera.

Conta individualizada

Individualizar a medição do consumo também é uma medida a ser avaliada. A intervenção pode representar um custo imediato relevante para o condomínio, mas os efeitos de médio e longo prazo costumam ser compensadores.

Para o síndico profissional Eric Abuleiz, quando a conta de água da unidade é paga pelo condômino, em geral, ele dispensa mais atenção para os hábitos de consumo. Além disso, Abuleiz considera que, uma vez que a individualização do consumo permite maior controle do valor da taxa condominial, como consequência, poderá haver, inclusive, redução na inadimplência.

Água de chuva

Outra recomendação do síndico profissional que merece ser considerada é o aproveitamento da água de chuva e dá como exemplo o condomínio que administra. “Captamos de poços que ficam no subsolo e jogamos em um reservatório, que tem um sistema simples de tratamento de água. Usamos para regar o jardim e lavar o pátio”, explica Abuleiz.

Contudo, mesmo com toda a economia que essas medidas possam proporcionar, o gestor deve permanecer atento para as demais situações que representem desperdício de água. Assim, os funcionários devem ser instruídos a manterem as melhores práticas de uso da água, os condôminos precisam permanecer atentos para o consumo nas áreas comuns e, por menores que sejam, em nenhuma hipótese os vazamentos podem ser tolerados.