Em casa

Terapeuta sugere brincadeiras para aliviarem o estresse da volta às aulas

Com as crianças voltando às aulas após o longo período de isolamento social, quando o ensino à distância tentou substituir a sala de aula, é provável que muitas estejam sentindo algum estresse adicional, que veio se somar a tudo o que elas já estavam vivendo desde o início da pandemia. Para aliviar as tensões e contribuir com o processo de retomada, a terapeuta Jessie Guest, que leciona Terapia Lúdica na Universidade do Sul da Carolina, nos Estados Unidos, considera que as brincadeiras representam uma ótima saída para as tensões dos pequenos, que podem ajudá-los a lidar de maneira mais apropriada com o momento.

Para Jessie, as crianças precisam brincar. Desta forma, elas conseguem se comunicar de forma que é mais significativa para elas e faz com se sintam menos pressionadas. “Brincar é como elas se expressam, processam o dia e resolvem problemas . É essencial para o seu bem-estar social, emocional, criativo e cognitivo . Brincar ajuda a ensiná-los a autorregulação, estabelecimento de limites e tomada de decisões”, diz Jessie em artigo paro site The Conversation.

Jessie destaca que os pais e os familiares estão vivendo uma etapa em que é necessário aumentar a compreensão, a comunicação e a conexão com as crianças. Nesse sentido, ela dá dicas de como esse posicionamento pode ser alcançado por meio de brincadeiras.

Brincadeiras livres

Jessie destaca que há dois tipos principais de jogos e de brincadeiras que oferecem benefícios cognitivos e emocionais para as crianças. Por um lado, existem os estruturados, que são os de tabuleiro, quebra-cabeças e esportes individuais ou coletivos e que incluem instruções e seguem um conjunto de regras. “Um objetivo ou propósito do jogo é estabelecido. Brincadeiras estruturadas ajudam a criança a aprender, a controlar suas emoções, a se revezar, seguir regras e lidar com sentimentos de frustração e de sucesso”, explica.

Há também as brincadeiras e os jogos não estruturados ou livres, como as brincadeiras de fantasia, a pintura, os jogos inventados e aqueles que usam bloquinhos para construir. Segundo Jessie, essa modalidade encoraja as crianças a fazerem o que lhes interessa sem a orientação de um adulto. “Não requer um resultado ou produto. Brincadeiras não estruturadas permitem que o cérebro da criança se recupere de um dia escolar altamente estruturado e proporciona uma sensação de liberdade . Promove a resolução de problemas, a resiliência e a criatividade e dá às crianças tempo e espaço para dar sentido às suas experiências”, considera.

E é para esta forma de brincar que a terapeuta recomenda para o momento e dá cinco dicas.

Dicas de brincadeiras livres

Jessie observa que, embora a brincadeira livre seja conduzida pela própria criança, os pais podem interagir com elas durante o período. Ela relaciona cinco dicas baseadas na terapia de relacionamento pai-filho de Sue Bratton e Garly Landreth , que usa a brincadeira para construir a relação de maneira mais forte e saudável.

Chegue ao nível da criança

O ideal é que seja criado um espaço no chão com alguns dos brinquedos ou que os pais se juntem aos pequenos em sua área de recreação. “Sente-se no chão com eles. Deixe-os saber que este é o seu momento especial para brincar. Este momento é especial porque o pai está se envolvendo com a criança de uma maneira muito diferente das outras interações ao longo do dia”, diz Jessie.

Permita que a criança conduza

A terapeuta diz que é necessário que a própria criança dirija a brincadeira. “Se ela perguntar o que jogar, procure responder: ‘Você decide o que jogaremos hoje’”, sugere.

Mostre interesse

Jessie considera que a demonstração de interesse pode ser feita de maneira simples, apenas com o retorno daquilo que está sendo observado. “Sem qualquer manifestação de aceitação ou de aprovação, demonstre que você está notando o que o seu filho está fazendo — ‘você está brincando com a boneca’ ou ‘você está usando a tinta vermelha’. Repita o que seu filho diz — ‘os carros andam rápido’ ou “amarela é a cor favorita da sua irmã’. Reflita sobre os sentimentos que seu filho está expressando — ‘você se sente feliz quando seu carro vence’ ou ‘você fica bravo quando perde a corrida’. Esse tipo de manifestação ilustra o envolvimento dos pais sem que eles assumam o controle da brincadeira”, explica.

Estabeleça os limites

As brincadeiras conduzidas pela própria criança não significam que ela possa fazer o que bem entende, quebrando brinquedos ou outros objetos e criando riscos para si e para outras pessoas. “Às vezes, se o comportamento da criança se tornar destrutivo ou prejudicial, os pais podem precisar intervir e estabelecer um limite . Certifique-se de validar o sentimento que a criança está exibindo e fornecer outra opção para esse comportamento. Por exemplo — ‘você está bravo agora, mas as pessoas não gostam de apanhar;   você pode acertar o bicho de pelúcia’”, recomenda Jessie.

Seja consistente

A terapeuta observa que as crianças prosperam com estabilidade e consistência. Portanto, é importante estabelecer uma rotina para que elas entendam que há uma regularidade nas atividades, inclusive para as brincadeiras especiais.

Pra isso, Jessie indica que seja definido o “tempo de brincadeira especial”, que deve acontecer uma vez por semana por cerca de 30 minutos. “Use um cronômetro para garantir que a quantidade de tempo de jogo seja consistente e seu filho esteja preparado para o final. Este tempo especial de jogo deve ocorrer independentemente do comportamento e não deve ser usado como punição ou recompensa”, conclui a terapeuta.

Uma dica

Para mais informações sobre os temas abordados nessa matéria, acesse os links disponíveis ao longo do texto. Eles remetem às fontes utilizadas aqui. 

Uma dica: os artigos fora da página do Comunidade Ativa que não estiverem em português podem ser traduzidos automaticamente pelo navegador pelo seu navegador. Pra isso, basta clicar com o botão direito em qualquer ponto do texto a ser traduzido e escolher a opção “Traduzir para o português”.