Os alarmes realmente são eficientes?
Em uma ocasião, quando vivi em outro país, voltando de uma visita ao mercado, vi que o meu computador e uma correntinha haviam sido furtados da minha casa. Naquele mês, sem meu instrumento de trabalho, aproveitei para conhecer o festival de teatro da cidade (Avignon), um dos maiores do mundo. Assisti a mais de 30 peças e me apaixonei pela arte. Foi assim que, entre outras coisas, me tornei atriz.
Por que conto isso? Porque viver em função de impedir uma perda talvez não seja a melhor estratégia. Mas, é sim, importante pensarmos em formas de diminuir os riscos de perdas, desde que a saúde mental não seja a primeira a ir embora, o que, muitas vezes, as pessoas deixam acontecer por pura apreensão.
Exemplo disso está no alarme de uma casa que, outro dia, soou na rua onde hoje moro no Anchieta, das 19h até as 23h. Aquilo impediu a mim e a outros vizinhos de trabalhar, de ver filmes ou de descansar e criou motivo para um questionamento: os alarmes realmente protegem as casas ou apenas se tornam incômodos para os vizinhos?
Pesquisei sobre o assunto e encontrei uma estudo do Observatório Nacional Francês de Delinquência e Respostas Penais (ONDRP) que fala sobre invasões cometidas na França e analisa a eficácia ou não dos sistemas de segurança doméstica. “Quando o ladrão escolhe o alvo, são os fatores relativos ao ambiente da casa os mais determinantes”, indicava. “Um ambiente degradado, com atos de vandalismo, apresenta fatores de risco adicionais”. Os dispositivos de segurança, com exceção das câmeras de vigilância visíveis, têm “fraco efeito dissuasor antes da invasão”. Por outro lado, desempenham seu papel no momento do arrombamento, ainda mais se estiverem associados a um código digital ou a uma câmera de monitoramento.
Então, o que fazer com seu alarme? Em primeiro lugar, cuidado para não gerar a apatia do barulho. Se a sirene toca demais por falhas técnicas ou pessoais, o risco de ela ser ignorada quando houver perigo real é grande. Em segundo lugar, não confie apenas na ideia do alarme. Vale mais ter uma melhor relação com a vizinhança, promover a ocupação das ruas nas diversas horas e manter um ambiente em bom estado, para jogar os olhares de cobiça para longe.
Cabe lembrar também que a lei do silêncio requer a tolerância de todos, mas deve ser respeitada. Ninguém pode deixar um alarme tocando indefinidamente, a fim de que os vizinhos tomem providências para preservar bens sobre os quais apenas o proprietário tem o poder de controle.
Ter atenção para não deixar dados sobre sua rotina com estranhos e não facilitar nas saidinhas de banco também são pontos importantes para evitar sofrer danos. No entanto, não se deixe abater ou se isolar pela ideia de que esses perigos existem. Com união e movimento, seremos mais capazes de vencê-los.