Cultura

Federalização da Uemg deixa comunidade acadêmica apreensiva

Em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Projeto de Lei (PL) nº 3.738/2025 pretende autorizar o Executivo estadual a transferir para a União a gestão da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), e também a propriedade dos bens móveis e imóveis da instituição. De autoria do governo de Minas, o PL faz parte de um pacote de medidas destinadas a reduzir a dívida mineira com os cofres federais, que, em maio, ultrapassou a casa dos R$ 167 bilhões. O valor total dos imóveis da Uemg está estimado em R$ 500 milhões, o que representa menos de 0,3% do débito total.

 

A sede da Escola Guignard, no Comiteco, faz parte do conjunto de imóveis da Uemg que pode ser transferido para a União — Foto: AndréVRuas/Wikimedia

Contudo, mesmo valendo uma parte pequena do montante devido por Minas à União, para os servidores, alunos e professores da Uemg, a transferência tem potencial para causar um impacto negativo considerável. Temendo pelo futuro da universidade, funcionários, discentes e docentes da instituição estão compartilhando nas redes sociais um manifesto que é taxativo quanto às consequências do PL, afirmando que existem riscos reais para o patrimônio do povo mineiro. “Cursos podem ser extintos, estruturas desmontadas e cidades podem ser deixadas sem acesso ao ensino superior público. E o mais grave: tudo está sendo feito sem ouvir a comunidade acadêmica, sem transparência e sem compromisso com o futuro da educação mineira”, diz a mensagem.

Acesso ao ensino

Fundada em 1989, a Uemg está presente em 19 municípios mineiros, atendendo a mais de 21 mil estudantes, a partir de 22 unidades acadêmicas. A instituição oferece mais de 60 cursos de graduação em várias áreas, que incluem Medicina, Engenharia, Música e Artes Plásticas, cuja faculdade fica no bairro Comiteco. Ainda, oferta cursos de pós-graduação e é base para importantes projetos de pesquisa no Estado. O temor no meio acadêmico se deve à possibilidade de a transferência da instituição para o âmbito federal prejudicar toda essa atividade.

Em entrevista à Band Minas, Cristina Fonseca, diretora executiva da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Aduemg), manifestou a preocupação. “O governo do estado está oferecendo os bens móveis e imóveis. Não está oferecendo a Universidade como um todo”, disse Cristina.

A diretora destacou ainda a irregularidade da transferência. “A federalização é inconstitucional. Não existe federalização de servidores públicos estaduais. Não existe federalização da Uemg”, alertou.

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