Meio Ambiente

O impacto oculto que nossos hábitos de consumo geram sobre o meio ambiente

Qual impacto que nossos hábitos de consumo geram sobre o meio ambiente? Foi pensando em resolver essa questão que, em 1992, o ecologista Willian Rees, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, criou o conceito da pegada ecológica, que hoje está bastante difundido entre as pessoas que se interessam pelas causas ambientais.

Rees partiu de uma analogia simples e até poética, que associa a marca que o consumo de uma pessoa gera sobre o planeta à pegada que ela deixa quando caminha sobre a terra macia. Contudo, pelo ponto de vista científico, o ecologista pretendia estabelecer um padrão que revelasse de maneira apropriada a extensão de terra e o volume de água que são necessários à produção de tudo aquilo que a humanidade consome.

Impacto oculto

Em tempo mais recente, a designer industrial holandesa  se deparou com um dilema pessoal. Mesmo sendo especialista em cadeias produtivas industriais, ela não conseguia identificar com clareza a dimensão do impacto que ela própria gerava sobre o meio ambiente. Diante da limitação, a designer decidiu partir para um estudo aprofundado sobre o assunto.

Babette buscou apoio em organizações consagradas na área e, entre elas estava a Global Footprint Network, fundada em 2003 pelo advogado ambientalista suíço Mathis Wakernagel, parceiro do trabalho de Rees. Babette reuniu os resultados da própria pesquisa no livro O impacto oculto, lançado em 2016, ainda sem tradução para o português.

Iceberg

O trabalho apresenta dados surpreendentes quanto aos impactos que o consumo gera sobre o meio ambiente, entre os quais estão os os sugeridos pelo título do livro. Babette concluiu que apenas 29% dos impactos que causamos sobre o planeta são evidentes, enquanto os 71% restantes estão escondidos na produção e no ciclo de vida dos produtos e dos serviços que consumimos.

O tal “ciclo de vida dos produtos” começa com a extração das matérias-primas, passa pela transformação e pelo transporte, até chegar ao descarte daquilo que as pessoas deixam de usar. Ou seja, como ocorre com a ponta de um iceberg, a parte visível da pegada ecológica que cada um de nós produz é o que há de menor em todo o impacto gerado.

A grande porção fica oculta nos demais processos que ocorrem antes e depois do consumo. Por exemplo, vamos considerar a pegada ecológica gerada por um banho em um chuveiro elétrico. Medindo as quantidades de água e de energia consumidas durante o banho, encontraremos aquela parte visível, que corresponde aos 29% de toda a extensão da pegada. Os 71% restantes nós não conseguimos enxergar.

Eles estão ocultos no tratamento da água, que ocorre antes e após o banho, na construção e na operação das hidrelétricas e das linhas de transmissão, necessárias à geração e à condução da energia até o chuveiro, e até na produção do próprio chuveiro, do sabão, da toalha e de tantos outros produtos e de serviços que estão envolvidos nessa tarefa tão simples e cotidiana.

Consumo consciente

Observando as conclusões da Global Footprint Network sobre aos impactos produzidos pelos consumidores de alguns países e dando atenção ao que foi apurado pelo estudo da designer holandesa (veja o quadro abaixo,) é de se esperar que mais pessoas se interessem pelo assunto. Assim, talvez elas também despertem o interesse por meios de consumo mais conscientes, que gerem  desperdício menor e que aproveitem de forma apropriada os recursos que o planeta nos fornece.