Cidadania

Por mais conexões que estejam e menos graus de separação

por Carlos Alberto Rocha *

Por quantas vezes nos demos conta de que vivemos em um mundo pequeno, não é mesmo? Afinal, não é raro conhecermos uma pessoa e, logo na primeira conversa, descobrirmos que temos com ela alguma conexão anterior, que, sabíamos que existia.

Uma conexão que pode ser mais próxima — formada por amigos em comum, por ter estudado na mesma escola ou trabalhado na mesma empresa, por exemplo — ou nem tanto — do tipo conhecer o amigo do amigo do amigo. Não importa. Investigar a possível ligação e encontrá-la quando conhecemos alguém nos dá certa satisfação, o que talvez ocorra por podermos nos sentir um pouco mais seguros diante de um novo contato.

Seis graus

Pois foi essa curiosidade quanto ao nível de proximidade que existe entre as pessoas que levou o psicólogo norte-americano Stanley Milgran a desenvolver um experimento que se tornaria bastante popular no mundo todo. Em 1967, Milgran pediu a 300 moradores do centro-oeste dos Estados Unidos para que fizessem chegar uma correspondência às mãos de um cidadão residente em Boston, no nordeste do país, que, portanto, estava a milhares de quilômetros de distância de onde viviam e quem nenhum deles conhecia.

Para cumprir a missão, duas condições deviam ser seguidas. Naturalmente, a correspondência não poderia ser enviada diretamente ao destinatário e só deveria ser entregue a um portador que os participantes do experimento conhecessem pessoalmente e que eles acreditassem que poderia encurtar o caminho do envelope.

Como resultado, Milgran divulgou que um terço dos envelopes chegou ao destinatário, cumprindo, cada um, uma média de seis passos entre o envio e a recepção da correspondência. Era a base que ele precisava pra lançar a teoria dos “seis graus de separação”, que, até hoje é aceita por alguns e rejeitada por outros.

De Eistein a Whiderson Nunes

Mesmo diante dos questionamentos sobre a real validade do estudo de Milgran, suas conclusões foram amplamente divulgadas e alcançaram popularidade mundial com o filme “Seis Graus de Separação”, de 1993. De lá pra cá, surgiram jogos e brincadeiras que buscam confirmar uma tese que continua sendo testada e contestada.

Mas, qual a relevância disso?

Porém, a não ser pela satisfação de uma de curiosidade, qual relevância existe em um experimento como o de Milgran? Ainda que o resultado seja verdadeiro, o que importa se você está a seis graus de separação da rainha da Inglaterra ou do rei da Arábia Saudita?

Ora, se considerarmos que a distância entre as pessoas não é assim tão grande, talvez seja mais fácil compreendermos que cada de nós pode, de alguma forma, ter um significado maior no mundo em que vivemos e que vá além dos nossos interesses mais diretos e imediatos. Pra isso, nem precisamos buscar conexões com grandes celebridades ou com pessoas que estão do outro lado do mundo.

Ao contrário, talvez nos baste encontramos coincidências simples, que nos acompanham em nosso cotidiano. Como a de compartilharmos o mesmo local de vida com tantas pessoas que, em grande parte das vezes, sequer sabemos o nome.

Para termos uma influência real sobre o mundo à nossa volta,  pode ser suficiente apenas nos conectarmos com estas pessoas que estão próximas a nós, a menos graus de uma separação que pode ser facilmente vencida. Com um sorriso, por meio de um bom dia ou com outra atitude simples, de mera civilidade, podemos criar ambientes favoráveis para que nos conectemos às pessoas, que, afinal, são nossos vizinhos e vizinhas de todos os dias.

Certamente, feitas estas conexões, além de criarmos uma ambiente muito mais agradável em torno de nós, de maneira muito produtiva, certamente poderemos atuar com maior força sobre as questões que influenciam a qualidade de vida no lugar onde existimos em nosso cotidiano.

* Carlos Alberto é jornalista, editor do Comunidade Ativa e presidente da Amoran

 

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