Saúde & Qualidade de Vida

Até agora, o que há de concreto sobre a vacina contra a Covid-19?

Perto de completar um ano desde que a epidemia de Covid-19 começou na província chinesa de Wuhan, parece que alguma luz está se acendendo em um túnel que é mais extenso do que poderíamos imaginar. Com a vacinação já iniciada na Rússia e com a previsão de início na próxima semana na Inglaterra, chegamos a um um capítulo importante no combate à doença que é responsável pela maior crise mundial vivida desde a Segunda Guerra.

Mas, o que temos de concreto até agora sobre as vacinas e o que devemos esperar para o Brasil? O Comunidade Ativa foi buscar as respostas.

Confira!

Afinal, quantas vacinas estão sendo desenvolvidas?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 170 pesquisas sendo desenvolvidas pelos 165 países que compõem a Covax — aliança internacional formada com o propósito de buscar imunizantes contra o SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Destas, em 2 dezembro, 51 estam em fase de testes, fundamentais para medir a eficácia da vacina e a segurança que ela oferece à população. Até o momento, somente as 10 listadas as seguir chegaram à fase 3, a última necessária para a aprovação pelos órgãos reguladores.

Pfizer/Biontech/Fosun

Algumas das vacinas mais promissoras já fazem parte dos planos de vacinação que estão sendo preparados em todo o mundo e entraram em processo de produção. Entre elas está a desenvolvida pelo consórcio de laboratórios Pfizer, americano, BioNTech, alemão, e Fosun, chinês, que é justamente a que começará a ser aplicada na população inglesa nos próximos dias.

Segundo os desenvolvedores, o poder de imunização da vacina é de 95%. Entretanto, em função de uma possível complexidade logística — a vacina deve ser mantida a temperatura de -70° C, o que dificultaria a distribuição —, o Ministério da Saúde (MS) acredita que esta não seja uma boa opção para o Brasil. Porém, o fabricante garante que está preparado para dar suporte para as países interessados no produto, garantindo que ele chegue à população nas melhores condições de conservação.

Sputnik V

Antes da vacina da Pfizer, a primeira a de fato chegar à população foi a Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamelay, na Rússia, que começou a ser aplicada em 30 de dezembro. A prioridade de aplicação foi dada aos médicos de um hospital de Moscou, mas o plano do governo russo pretende estender a vacinação a toda a população do país, o que tem causado controvérsias. Afinal, o início da imunização em massa está ocorrendo simultaneamente com a fase final de testes da vacina.

Contudo, os desenvolvedores garantem que os resultados obtidos até agora são suficientes para afirmar a segurança do produto, que, teria eficácia de 95%. O governo Russo diz que, a partir de fevereiro de 2021, poderá entregar 500 milhões de doses aos países interessados, incluindo o Brasil.

Oxford/AstraZeneca

Como resultado da pesquisa conjunta realizada pelo laboratório anglo-sueco AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, entrou na fase final de testes uma das vacinas que está nos planos do Brasil. Por aqui o imunizante será produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o que ficou estabelecido em acordo firmado entre o laboratório e o MS.

Um estudo realizados com 20 mil pessoas apontou que a vacina da Oxford tem eficácia que varia entre 62% e 90%. Além do baixo custo e da facilidade de armazenamento, no final de novembro, o desenvolvedor anunciou o que seria uma vantagem adicional do produto. Um erro cometido nos testes revelou que ao fazer uma primeira aplicação com meia dose da vacina, seguida pela segunda aplicação com dosagem completa, a resposta de imunização foi maior — de 90% — do que a obtida com duas aplicações de uma dose — que alcançou 62% dos voluntários testados.

Sinovac

A CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, é outra forte candidata a entrar nos possíveis planos de imunização que estão sendo considerados para o Brasil, inclusive por estados e municípios. No âmbito nacional, a empresa firmou parceria com o Instituto Butantan, que promete disponibilizar a vacina a partir de janeiro próximo.

A Sinovac anunciou que 97% dos voluntários testados com a CoronaVac produziram resposta imunológica ao SARS-CoV-2.

Moderna
Outra vacina que exige maiores cuidados na distribuição é a do laboratório americano Moderna. Por ser termicamente instável, o produto precisa ser conservado sob temperatura de -20° C. No Brasil, por exemplo, onde os planos de imunização existentes geralmente preveem que os imunizantes permaneçam em geladeiras comuns, em temperaturas que variam entre 2° C e 7° C, a solução da Moderna não seria inviável. Segundo o MS, o plano nacional de vacinação contra a poliomelite já prevê a conservação da vacina para a doença na mesma temperatura exigida pelo produto da Moderna.

Contudo, mesmo com boa resposta de imunização — que é de 94%, de acordo com a empresa —, ainda não há nenhuma tratativa para que esta opção chegue ao Brasil.

Outras

Entre as vacinas que já estão na fase 3 de testagem também está a do laboratório chinês Cansino, que, em março, foi o primeiro a obter uma patente como imunizante contra a Covid-19. Outra também chinesa é a do laboratório Sinopharm, que, em julho, entrou em testes nos Emirados Árabes.

Os laboratórios americanos Novavax e Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, também estão trabalhando em suas próprias vacinas, que já entraram na fase 3. O  indiano Bharat Biontech também chegou à fase 3 de testes do imunizante que está desenvolvendo. As duas últimas foram sondadas pelo governo brasileiro, mas nada de mais concreto foi anunciado até o momento.

Como será a vacinação no Brasil, quais vacinas receberemos e quando elas virão?

Na terça-feira, 1º de dezembro, o MS apresentou o que seriam as definições preliminares para a estratégia de vacinação contra o SARS-CoV-2 no Brasil, que deve ocorrer em quatro fases. Na primeira, serão atendidos os profissionais da área da saúde, a população indígena, pessoas a partir de 60 anos que vivam em instituições de longa permanência e a população idosa com mais de 75 anos. Na segunda etapa serão imunizadas pessoas com faixa etária entre 60 e 74 anos. Portadores de outras doenças  que aumentam as chances de agravamento da Covid-19 — como as doenças renais crônicas e as cardiovasculares, entre outras — serão imunizados na terceira fase. A quarta fase incluirá professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população carcerária.

Durante as quatro fases serão aplicadas, 109,5 milhões de doses das vacinas que, em parte, já estariam garantidas pela Fiocruz junto ao laboratório AstraZeneca, desenvolvedora da vacina com a Oxford, com a outra parte sendo buscada junto à aliança Covax. Além das doses que serão utilizadas na etapa inicial de vacinação, o MS afirma que outras 33,4 milhões já foram negociadas.

O MS destaca que a disponibilidade de novas doses e o plano de vacinação poderão ser alterados, caso novos acordos sejam firmados. O início da campanha de imunização dependerá dos resultados das vacinas candidatas e da regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Durante reunião sobre enfrentamento à Covid-19 realizada no Congresso Nacional na terça, 1º de dezembro, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que 15 milhões de doses serão recebidas pelo Brasil até fevereiro de 2021. Ainda dependendo de confirmação, a primeira fase da imunização do plano de imunização no país está prevista para ser iniciada no mês seguinte, sem que haja qualquer previsão para atendimento da demanda fora do grupo prioritário.

Portanto, o momento não é de relaxar. Pelo contrário, como insistentemente vêm alertando as autoridades da área de saúde, é fundamental manter as medidas de proteção, que incluem lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool em gel, usar a máscara sempre que estiver em público, manter o distanciamento físico e somente sair de casa quando for realmente necessário, evitando as aglomerações a todo custo.

Para mais informações sobre os temas abordados nessa matéria, acesse os links disponíveis ao longo do texto. Eles remetem às fontes utilizadas aqui. 

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