Pets

Adoção de pet durante a pandemia é muito benéfica, mas implica em responsabilidades

Sim, eles exigem cuidados e atenção e significam uma despesa considerável. Porém, toda a retribuição que oferecem na forma de carinho, companhia e diversão compensam com muita sobra tudo o que devemos fazer por eles.

Não é por acaso que os animais de estimação têm ocupado espaço cada vez maior na vida dos humanos, uma realidade que se tornou ainda mais evidente desde o início da pandemia. Entretanto, uma série de estudos revela que a adoção de um pet nesses tempos difíceis deve ocorrer com responsabilidade ainda maior.

Demanda crescente

Um levantamento realizado pela PDSA, uma organização britânica que se dedica ao bem-estar animal, detectou que mais de 50% das famílias do Reino Unido já tinham pelo menos um animal de estimação, mesmo antes da pandemia. Entretanto, desde que o surto da Covid-19 começou, as organizações que acolhem os pets notaram um crescimento considerável no número de adoções.

O motivo da maior demanda está associado aos benefícios que os bichos proporcionam aos seus tutores e que se tornaram mais relevantes com as várias situações que o coronavírus vem impondo às pessoas Uma pesquisa liderada pela especialista em estudos de saúde Elena Ratschen verificou que 90% dos mais de 5 mil tutores de animais entrevistados relataram que foram ajudados pelos pets a lidarem melhor com a pandemia.

Em estudo complementar à pesquisa de Elena, a pesquisadora Emily Shoesmith, da Universidade de York, identificou quais seriam os benefícios que os tutores obtiveram dos animais durante o confinamento. Entre os mais citados estão as sensações de companheirismo e de conexão, a distração da angústia e a motivação diante das ameaças da depressão.

Tranquilidade e diversão

Em entrevista à BBC, a deficiente visual Francesca Balon, tutora do cão-guia Sean, contou que, sem a presença do companheiro, não sabia como teria sido a vida dela com a pandemia. “Ele é um verdadeiro personagem e isso é engraçado, porque ele é muito inteligente quando está trabalhando, mas é totalmente atrapalhado”, disse ela.

Francesca contou ainda que, no início do surto de Covid-19, estava muito nervosa com a necessidade de manter o distanciamento de outras pessoas, o que, por ser cega, não consegue avaliar. “Mas Sean parecia perceber minha ansiedade e se virava para me ajudar e para me tranquilizar. Levá-lo para passear significa que ainda tenho um motivo para sair e isso impediu que eu perdesse a minha confiança”, explica.

Raisa Daya, outra entrevistada da BBC, sofre com a depressão e a ansiedade e encontrou no gatinho Chip um ótimo apoio para a saúde mental. “Eu trabalho como gerente de palco e estava me sentindo muito ansiosa no primeiro lockdown, quando os teatros fecharam. Adotar o Chip me deu um motivo para sair da cama. Ele é uma grande fonte de entretenimento”, disse.

Preocupações

Contudo, como em qualquer relação, a convivência com um animal de estimação também implica em responsabilidades. No mesmo estudo em que constatou os benefícios proporcionados pelos pets, a pesquisadora Emily Shoesmith também identificou preocupações excessivas com os animais relacionadas à restrição de atendimento veterinário, ás dificuldades financeiras e às incertezas sobre como os bichos seriam cuidados no caso de os tutores adoecerem.

Em outro levantamento, realizado pela socióloga Jennifer Appleboum, descobriu-se que os pets podem ter exercido influência sobre as decisões e sobre os cuidados com a própria saúde que as pessoas adotaram durante a pandemia. Por não quererem se afastar dos animais ou pela preocupação com os cuidados que eles receberiam caso o afastamento tivesse que se estender por um tempo maior, a pesquisa percebeu entre os entrevistados uma tendência de atrasar a busca por um atendimento médico

Portanto, essa constatação deve ser motivo de reflexão. Afinal, se por um lado os pets são inquestionavelmente benéficos, por outro, como seres vivos que são, eles têm necessidades e não podem ser vistos como muletas.

Sobre isso, as pesquisadoras Elena Ratschen e Emily Shoesmith em conjunto com a professora Roxanne Hawkins, do curso de Psicologia da Universidade de West Scotland, na Escócia, em artigo publicado no The Conversation, foram bastante objetivas. “A posse de um animal de estimação não é algo para ser considerado levianamente. Talvez as pessoas precisem, em vez disso, procurar alternativas para melhorar a saúde mental – como exercícios ou meditação consciente”, concluíram.

 

Uma dica

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