Meio Ambiente

A hora de de racionalizar o consumo para não ter que racionar em um futuro breve

Não há dúvidas de que o consumo é necessário e saudável, tanto para as pessoas quanto para a sociedade e para as economias dos países. Afinal, ao mesmo tempo em que ninguém sobrevive sem consumir, o consumo gera empregos e as economias nacionais giram em torno do que os cidadãos de cada país consomem.

O grande problema está no consumismo, que é o consumo exagerado e desnecessário. Consumindo muito além do que precisam para atenderem as próprias necessidades — inclusive aquelas de lazer ou de simples prazer — as pessoas pressionam a capacidade de a Terra nos sustentar.

Dia da Sobrecarga da Terra

Sim! É possível que estejamos consumindo muito além do que as fontes de recursos naturais são capazes de produzir e esse excesso vem sendo superado ano após ano.

A partir de levantamento de dados que regridem até 1970, a organização não governamental  Global Footprint Network, que estabelece critérios de medida da pegada ecológica em todo o mundo, criou o Dia de Sobrecarga da Terra (Overshoot Day, no original em inglês). A partir de um cálculo que considera a capacidade do planeta de se regenerar em razão da pegada ecológica em todo o mundo, multiplicado pelo número de dias de um ano — 365 ou 366, se o ano for bissexto —, eles conseguem definir em qual data de cada ano a humanidade teria consumido mais do que a Terra seria capaz de repor a partir de seus processos naturais.

O cálculo é:
capacidade do planeta de se regenerar ÷ pegada ecológica global x 365 (ou 366)

De fato, existem críticos desse cálculo, que o consideram exagerado ou meramente promocional. Contudo, ainda que pelo aspecto simbólico, ele merece ser considerado.

A cada ano acontece mais cedo

O cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra começou a ser feito em 2007. Porém, utilizando dados históricos, os seus idealizadores conseguiram retroceder até 1970, quando a humanidade estaria um vez por ano o que a Terra conseguia regenerar em um ano. A partir daí, traçaram um gráfico que aponta algo preocupante: a sobrecarga vem sendo antecipada no calendário de maneira significativa. Ou seja, a cada ano, estamos forçando mais e mais a capacidade de sustentação do planeta.

Em 1970, o Dia de Sobrecarga foi registrado em 30 de dezembro, recuando para o dia 4 de novembro dez anos mais tarde. Em 1990 a sobrecarga foi atingida em 10 de outubro e em 2 de setembro no ano 2000. Em 2010 esteve no dia 6 de agosto, chegando a 26 de julho em 2019.

Refresco na pandemia

Como resultado da pandemia, que desacelerou o consumo e a produção de bens e de serviços no mundo inteiro, a Terra sentiu um alívio momentâneo. Em 2020 a sobrecarga foi registrada em 22 de agosto, mas está marcada para ocorrer em 29 de julho próximo, quando o limite do planeta será ultrapassado em 2021.

Isso significa que estamos trabalhando em um saldo negativo considerável e evidente. Quando estivermos terminando o sétimo mês deste ano já teremos consumido tudo o que há Terra levaria 12 meses para produzir. Os cinco meses restantes serão de degradação dos biomas

Essa progressão é assustadora. Afinal, enquanto em 1970 e a humanidade consumia em um ano uma vez o que a Terra produzia naturalmente no mesmo período, no final de 2021, teremos consumido 1,7 vezes a mesma capacidade.

Obviamente, essa voracidade de consumo coloca em risco a nossa sobrevivência, a sobrevivência de todas as demais espécies e a existência do planeta na forma como o conhecemos.

A solução está no consumo consciente

Não há outra saída. A única forma que temos para barrar a tragédia iminente — e, acredite, a iminência é real — é desacelerando o consumo. A boa notícia é que isso não significa que tenhamos que abrir mão daquilo que gostamos. Pelo menos, não por enquanto.

No momento, basta racionalizar a forma como consumimos, eliminando os desperdícios e os excessos. Caso contrário, como a conta não fecha, em prazo relativamente curto de tempo, passaremos a conviver com racionamentos cada vez mais frequentes, o que nos forçará a consumir menos pelo simples fato de não haver o que consumir.

Então, é racionalizar ou racionar. A escolha é nossa.

 

Uma dica

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