Meio Ambiente

Mapa de Declividade indica que ciclovias são viáveis em várias regiões de BH

Enquanto em todo o mundo as cidades que procuram se modernizar enxergam na mobilidade urbana um dos fatores fundamentais de desenvolvimento sustentável, em Belo Horizonte continuamos apegados a velhos conceitos que agravam os nossos problemas de trânsito. Com isso, a bicicleta, como uma solução de transporte para o cotidiano das pessoas, permanece sob a sombra do preconceito e vista como uma alternativa inviável para a capital.

A principal justificativa para tanta resistência se apoia em um senso comum, que acredita que a topografia da cidade não permite adotar esse modal de transporte. Porém, um levantamento detalhado da situação viária da capital indica que a realidade é muito diferente.

Mapa da Declividade

Buscando uma resposta técnica sobre a real situação da topografia de BH, o Instituto de Geociências da UFMG (ICG/ UFMG), em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) e com a BHTrans, elaborou o Mapa de Declividades de Belo Horizonte. O levantamento criou um banco de dados que aponta inúmeras informações sobre a situação topográfica da cidade, incluindo as declividades mínima, máxima e média de 53.505 trechos viários de BH.

“Ficamos muito felizes em colaborar com a produção de dados capazes de ajudar a mobilidade urbana em Belo Horizonte. O trabalho tem um grande potencial de auxiliar o planejamento da circulação por bicicleta e a pé ao permitir identificar os caminhos mais planos para a implantação de ciclovias, redes de circulação a pé ou melhoria da infraestrutura existente, especialmente para o atendimento da população com mobilidade reduzida. A base de dados também poderá auxiliar a gestão do transporte carga e a circulação de veículos pesados na cidade.”, afirma Thiago Benicchio, Gerente de Transportes Ativos do ITDP Brasil.

De acordo com os pesquisadores, o Mapa de Declividade de Belo Horizonte reúne um conjunto de informações que permite o aperfeiçoamento do planejamento da mobilidade urbana na capital. Em especial, oferece uma grande contribuição para o desenvolvimento da rede cicloviária e também para o deslocamento de pessoas com deficiência.

Aplicativos

Segundo o grupo que desenvolveu os trabalhos, o banco de dados também viabiliza a criação de aplicativos que permitam selecionar percursos mais apropriados para serem enfrentados a pé, a pedal ou para deslocamentos de quem tem mobilidade comprometida. Ao mesmo tempo, para o transporte motorizados, os aplicativos poderão indicar os melhores caminhos tendo em vista o veículo utilizado.

A elaboração do Mapa de Declividades teve como fontes o mapa de altimetria — que indica as curvas de nível da cidade — e o mapa do sistema viário — que registra as vias. Como resultado, foram fornecidos três valores de declividade — mínima, média e máxima — para cada via da capital.

Boas surpresas

Os resultados do levantamento são animadores. Afinal, de acordo com o Mapa, a declividade média das vias de Belo Horizonte de é 8,28%, que está em níveis considerados aceitáveis pelo ponto de vista de  considerações técnicas. A Área Central e a Pampulha apresentam os trechos mais suaves. O Aglomerado da Serra, o Taquaril, Morro das Pedras e o Aglomerado Santa Lúcia apresentam as maiores declividades.

Fonte: Diretrizes para definição de rotas cicláveis utilizando geotecnologias. Por Diógenes Costa, Unicamp.

Declividade média em cada regional (%)

  • Pampulha: 5,65
  • Venda Nova: 7,23
  • Noroeste: 7,94
  • Barreiro: 8,09
  • Norte: 8,21
  • Oeste: 8,93
  • Nordeste: 9,00
  • Centro Sul: 9,6
  • Leste: 9,76