Condomínios

Condomínios sustentáveis ajudam a enfrentar os tempos de escassez de água e de energia

Esse filme é antigo, tem enredo ruim, mas vem sendo reprisado com frequência cada vez maior. Afinal, de tempos em tempos, o regime de chuvas apresenta um período de seca mais alongado e, como consequência, a escassez hídrica começa a bater à nossa porta. Com os reservatórios caminhando para níveis críticos, surge a preocupação com a falta de água e de energia elétrica. A situação pede soluções definitivas, tanto por parte do Estado e das empresas fornecedoras quanto dos consumidores. No último caso, adotar medidas próprias de condomínios sustentáveis se apresentam como alternativas que podem ajudar a mudar o rumo dessa história, oferecendo ainda um alívio especial e em curto prazo para os condôminos.

O que são?

O conceito é autoexplicativo. Condomínios sustentáveis são aqueles que buscam adotar processo e ações que promovam a sustentabilidade econômica e ambiental em sua rotina de funcionamento. Pra isso, adotam medidas socioambientais que passam pela conscientização dos condôminos e chegam até as formas de consumo de recursos diversos. Pelo ponto de vista do envolvimento dos condôminos com as questões relacionadas à sustentabilidade, essa modalidade de condomínio pode investir em ações de educação ambiental, por exemplo, que estimulem comportamentos apropriados, como os da seleção de materiais recicláveis e da carona solidária, entre outros. Na área do consumo convém destacar a adoção de processos que evitem desperdícios, racionalizem a geração e a destinação de resíduos, utilizem materiais que apresentam maior rendimento e menor impacto ao meio ambiente e que adotem alternativas energéticas e de captação e de uso da água. De fato, além de melhorar consideravelmente a relação do condomínio e dos próprios condôminos com o meio ambiente, os resultados costumam apresentar um impacto muito positivo no caixa condominial. Nesse sentido, a atenção com o consumo de água e de energia devem merecer uma atenção especial.

 

Reduzindo a conta de água

Todo síndico sabe bem a importância da conta de água nas despesas do condomínio e procurar reduzi-la é um passo fundamental na direção da sustentabilidade. Nesse sentido, existem soluções que exigem algum investimento mas que são bastante compensadoras.

Medição de consumo individual

O hidrômetro único, que mede o consumo do próprio edifício e de cada unidade sem fazer distinção, é uma solução construtiva mais barata, mas que apresenta inconvenientes para o condomínio. Afinal, o que é gasto com a limpeza das áreas comuns, irrigação de jardins, piscina e com outras necessidades condominiais se mistura com o que os condôminos consomem, impedindo que cada realidade seja entendida em suas particularidades. Individualizar a medição não só surte efeito imediato na redução da conta de água do condomínio como também promove a conscientização do condômino no que diz respeito ao próprio consumo. Naturalmente, quando ele passa a entender o valor da água em seu orçamento mensal, a tendência é de buscar a redução dos desperdícios.

Captação de água de chuva

Uma boa parte da água de chuva que escoa para as ruas sem qualquer utilidade para o condomínio pode servir para várias finalidades, como na lavação de áreas comuns e na irrigação de jardins. Edificações que já são projetadas prevendo essa solução podem, inclusive, destinar a água captada para outras necessidades, como as de esgotamento sanitário, por exemplo. Porém, mesmo construções antigas têm, em grande parte, condições de adotar um sistema que faça a captação e a reserva da água de chuva para uso posterior.

Redutores de vazão

Como o nome indica, os redutores de vazão são dispositivos instalados em torneiras e chuveiros que reduzem o fluxo de água. Esta é uma medida controversa, sobretudo em chuveiros, porque pode reduzir o conforto do banho. Porém, a partir de um projeto bem elaborado, a solução pode alcançar outras situações nas quais a vazão possa ser reduzida.

Economizando energia

A conta de energia representa outro peso considerável no orçamento do condomínio e no impacto ambiental que ele provoca. Mas, das mais simples às mais elaboradas, existem soluções que podem ajudar a reduzir, e muito, o consumo.

Lâmpadas de LED

As lâmpadas de LED praticamente já se tornaram padrão no Brasil. Porém, em instalações mais antigas as lâmpadas fluorescentes e até as incandescentes persistem e precisam ser trocadas. Considerando que as lâmpadas fluorescentes têm maior durabilidade do que as incandescentes, que estão cada vez mais raras, vale uma comparação entre a primeira com a de LED. Em condições normais de uso, em geral, uma lâmpada de LED dura cerca de 10,5 anos e tem consumo 45% abaixo do que a fluorescente, que dura em torno de 3,5 anos.

Sensores de presença

Existem áreas do condomínio que precisam de iluminação eventual, somente quando estão sendo utilizadas. Para essas, a instalação de sensores de presença é a solução perfeita.

Utilize cores claras

O resultado de iluminação das lâmpadas é melhor em ambientes mais claros, que refletem mais a luminosidade. Portanto, a escolha de coloração mais clara para as paredes e tetos pode permitir a instalação de lâmpadas de menor potência, sem que haja perda de claridade.

Utilize a luz do sol

A geração fotovoltaica é uma das grandes soluções para a redução do consumo de energia. Com o barateamento dos equipamentos, a instalação se tornou mais acessível e tem permitido que seja feita em edificações de todos os tipos e portes. Porém, a luz solar também pode ser aproveitada para iluminar ambientes, bastando pra isso buscar alternativas de arquitetura, como, por exemplo, as que adotam telhados translúcidos em áreas abertas, e projetos de paisagismo que reduzam sombras.

Visibilidade para os gastos

A prestação de contas do condomínio é uma obrigação do síndico. Porém, como é um assunto é de rotina contábil, muitas vezes ele passa despercebido por parte dos condôminos que não se preocupam tanto com o detalhamento das despesas. Portanto, quanto maior for a visibilidade dada para os gastos específicos com água e energia tanto maior será a possibilidade de as pessoas adquirirem consciência com relação aos próprios hábitos de consumo. Essa iniciativa estimula a economia mesmo antes da adoção de qualquer medida mais consistente na direção da sustentabilidade, e  também pode contribuir para que as necessidades de mudanças sejam aceitas com maior facilidade nas assembleias. Então, pelo menos em termos de informação, o síndico não precisa se preocupar com economia. Pelo contrário, ele deve publicar os gastos em quadros de aviso, grupos de WhatsApp e até em bilhetes mensais, compartilhando com todos os condôminos o que o consumo de água e de luz representa para o caixa do condomínio. Vale considerar que as mudanças sugeridas representarão despesas que podem ser consideráveis. Entretanto, com o passar do tempo, a economia alcançada compensará os gatos e passará a significar uma redução importante nos gastos do condomínio. Além disso, é claro, vale considerar o ganho em sustentabilidade que as medidas poderão alcançar.