Cultura

Além de contribuir com a compreensão do presente, estudar História ajuda no desenvolvimento de novas habilidades

O professor Roberto Dinamarquês, que leciona Artes e Comunicação na universidade de Waterloo, no Canadá, observando tendências do ensino superior nos Estados Unidos, concluiu que, por lá, no próximo período letivo, é bastante provável que menos alunos escolham se matricular em disciplinas das ciências humanas, como a História. “Isso ocorre por causa de uma crise em curso nas humanidades, em que o significado, propósito, credibilidade e benefícios dos cursos da área sejam questionados”, considera Dinarmarquês.

Em artigo publicado no site The Conversation, o professor diz que esse fenômeno se deve ao fato de os alunos já não encontrarem tanta relevância nas ciências humanas, preferindo áreas como as da engenharia, ciências biológicas ou outras que prometem maior sucesso, inclusive como carreira. “A pesquisa também sugere que, quando os alunos escolhem uma especialização em humanidades, eles geralmente se arrependem. Esta é uma má notícia tanto para as sociedades democráticas quanto para os líderes das faculdades de humanidades das universidades”, observa.

Preparando o futuro

De acordo com Dinamarquês, as ciências humanas não fornecem apenas instrumentos de crítica. “Elas também detêm as chaves de como podemos imaginar um mundo melhor, particularmente por meio de sua ênfase no bem público e nas habilidades necessárias para administrarmos as diferenças de forma construtiva”, ressalta.

No caso da História, há quem entenda o estudo da disciplina como uma forma de se debruçar sobre o passado, a fim de apenas compreender o desenvolvimento humano. De fato, este é um dos grandes objetivos dos historiadores. Entretanto, além dele, a compreensão do andamento da nossa história nos permite entender como e porque chegamos ao estado atual no qual vivemos. A partir desta compreensão, portanto, encontramos maior capacidade para agirmos no presente de maneira mais acertada e, assim, construirmos um futuro mais promissor.

Estudar história não implica apenas em levantar as ocorrências, as datas em que elas aconteceram  e os personagens nelas envolvidos. Muito além disso, o estudante encontra a oportunidade par compreender os contextos dos fatos históricos, os impactos que eles causaram sobre a humanidade e sobre o nosso planeta, os ciclos que iniciaram ou encerraram, as tendências de desenvolvimento ou de atraso de um povo ou da civilização como um todo, entre inúmeras outras questões que são fundamentais para a percepção histórica. 

Desenvolvendo habilidades

A partir desta observação, considerando os erros e os acertos existentes no passado, o estudioso da História consegue mais facilmente desenvolver o senso crítico com relação ao que se passa no presente. De fato, ainda que permita que seja iniciada uma bela carreira, tal estudo não precisa ser desenvolvido, necessariamente, com finalidade profissional.

Em vez disso, pessoas das mais variadas áreas do conhecimento humano, com o estudo da História, conseguem adquirir excelentes habilidades que não só ajudam na compreensão do tempo em que vivemos como também fornecem recursos que podem ser utilizados nos mais diversos segmentos. Afinal, o raciocínio crítico, a capacidade de análise, a possibilidade do desenvolvimento de analogias com fatos ocorridos e a percepção de como os problemas históricos foram solucionados ou agravados favorecem a percepção e a criatividade, que são bastante úteis em qualquer área de atuação, incluindo aquelas da rotina diária.