Cidadania

Editorial – Amoran: uma história com 36 anos de desafios

* por Carlos Alberto Rocha

Em agosto, a Amoran está completando 36 anos de fundação. Ou seja, são quase quatro décadas de trabalho ininterrupto em defesa dos interesses de uma região que, ao longo desse período, passou e continua passando por transformações significativas, que apresentam sucessivos desafios para quem se importa com a preservação da qualidade de vida local.

1988

Vale recordar que, em 1988, quando Associação foi criada, vivíamos uma realidade bastante distinta da atual, em uma rotina que, em muito, lembrava aquela vida pacata das pequenas cidades do interior. Naquele ambiente, bem mais tranquilo do que o de hoje, o espírito de comunidade era vivo e atuante e foi justamente este espírito que tornou possível a criação da Amoran.

Criada como a “Associação dos Moradores do Bairro Anchieta”, como a denominação entrega, a Amoran tinha o objetivo inicial de representar as pessoas que residiam no bairro, situação que, mais tarde, foi ampliada substancialmente. As- sumido esse papel, logo, iniciou-se tratativas principalmente com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o que se mantém no mais alto nível até hoje.
Logo, as conquistas foram surgindo e a Amoran se consagrou como uma associação comunitária que, mantendo a indispensável postura de cobrança frente às instituições que interferem na qualidade de vida da população, consegue atuar de forma colaborativa com essas mesmas instituições, participando, assim, de um ciclo muito proveitoso de relacionamento com os setores público e privado.

Ampliação

Sustentando esta característica, com o passar do tempo, a Associação começou a acolher demandas dos bairros vizinhos e, com a chegada de grande número de empresas à região, também se tornou a representante das necessidades empresariais, o que não poderia ser diferente. Afinal, os avanços que a Amoran obtém para os bairros — como o recapeamento de ruas e as ações de segurança pública — não beneficiam somente a população residente. Elas são benéficas também para as empresas.

Consequentemente, mesmo mantendo a denominação original da sua fundação, por excelência, a Amoran se tornou a associação de moradores e de empresas dos bairros Anchieta, Cruzeiro, Carmo, Comiteco e Sion, situação que, inclusive, está registrada em seu estatuto desde 2016.

Atuação contínua

Insistente na defesa das demandas que apresenta ao poder público e à iniciativa privada, por maior que seja a demora, frequentemente, a Amoran obtém êxito em suas buscas. Assim, vem contribuindo de maneira expressiva para que a região se desenvolva de forma relativamente segura e bem estruturada.
De fato, há muito o que precisa ser visto e revisto para que algumas condições locais — como as de segurança pública, de trânsito e do meio ambiente, entre outras — sejam aprimoradas. No entanto, não resta dúvidas de que a situação atual está muito melhor do que poderia estar, caso não houvesse a atuação contínua da Amoran.

Com essa atuação, ganhamos todos nós, inclusive pelo ponto de vista patrimonial.

Valor patrimonial

Haja vista o interesse do mercado imobiliário para os bairros atendidos pela Associação, cujos valores, claro, estão associados às condições de vida existente na região. Uma valorização que se confirma na realização de empreendimentos de alto padrão, como os tantos que surgiram nos últimos anos por aqui, e que afeta de forma positiva o setor de comércio e de serviços local.

São vários os aspectos que determinam essa valorização. Mas, não tenho dúvidas de que a Amoran exerce influência positiva sobre muitos deles.

Desafios de agora

Ainda assim, atualmente, existe uma grande parcela da população que não reconhece na Amoran os méritos que ela tem. Coincidência ou não, isso ocorre em um momento quando muitas pessoas já não se conectam ao lugar onde vivem e nem com quem compartilha estes lugares com elas. Ou seja, muitas pessoas não estão mais tão abastecidas daquele velho e bom espírito comunitário.

Diante disso, hoje, a Associação se vê confrontada por dois dos maiores desafios que enfrentou nos seus 36 anos de história — se não forem os maiores. O primeiro está em ajudar a manter vivo o espírito comunitário das pessoas que não o perderam. O segundo está em estimular este mesmo espírito em quem não o cultiva.

A boa notícia é que, como sempre, os desafios estão sendo enfrentados com a disposição e o otimismo de uma Associação que sabe que é possível vencê-los.

 

* Carlos Alberto é jornalista, editor do Comunidade Ativa e presidente da Amoran