Saúde & Qualidade de Vida

Dicas para enfrentar o calor e evitar que ele prejudique a saúde

Com os termômetros beirando os 40° C em Belo Horizonte, é preciso ter atenção para os riscos que o calor oferece. Afinal, segundo os especialistas, a temperatura corporal dos humanos deve permanecer numa faixa de 37º graus, podendo variar dois graus pra mais ou para menos. Alterações acima ou abaixo disso podem provocar sérias lesões e até levar à morte.

Confira as seguir as orientações de prevenção baseadas no Manual MSD de saúde.

Entendendo o mecanismo

Nosso organismo regula a própria temperatura mantendo equilíbrio entre a produção e a perda de calor. Produzimos calor a partir do metabolismo orgânico, que resulta da conversão dos alimentos em energia. O calor também é produzido quando nos exercitamos, durante uma atividade física.

Por conta própria, nosso corpo perde calor a partir da radiação e da evaporação de água. Na radiação, sem precisar ter contato com qualquer agente externo, o calor flui de zonas mais quentes para outras mais frias, configurando a principal razão da perda de temperatura quando o organismo está mais quente do que o ambiente que o rodeia.

A evaporação da água, por sua vez, retira uma grande quantidade de calor de uma superfície úmida. Sendo assim, quando suamos, o suor resfria a pele à medida que evapora. O suor é a principal fonte de perda de calor quando a temperatura ambiente se aproxima da temperatura corporal e durante o exercício físico.

Porém, a umidade do ar torna a evaporação mais lenta e diminui a eficácia da sudorese. Por este motivo, a perda de calor é mais difícil em climas quentes e úmidos.

O corpo também se resfria pelos processos de convecção — que ocorre quando o corpo é molhado por água fria ou recebe um acorrente de ar  frio — e por condução — o calor é transferido para superfícies mais frias em contato com o corpo, como quando nos deitamos sobre o chão frio

Distúrbios causados pelo calor

Quando a temperatura externa é muito elevada e impede que o equilíbrio seja mantido, podem surgir vários tipos de distúrbios, como as cãibras causadas pelo calor, a exaustão pelo calor e a insolação, que é o mais sério. Os distúrbios podem variar nos sintomas e de acordo com o nível da temperatura corporal — mais ou menos elevada — podendo ser mais ou menos grave em função da diminuição de líquidos e de sais corporais.

Resultante do excesso de suor, a perda de líquidos e de sais corporais pode levar à pressão arterial baixa e a contrações musculares dolorosas. Os órgãos internos podem ficar danificados se a temperatura corporal estiver muito alta durante um longo período de tempo.

Aquecimento rápido

A probabilidade de ocorrerem distúrbios aumenta quando a exposição ocorre repentinamente – por exemplo, quando uma criança permanece fechada num automóvel durante um dia quente, em que a temperatura interior de um automóvel fechado pode subir de 27 °C para 49 °C em apenas 15 minutos.

Se a pessoa fica exposta a períodos mais prolongados de calor e de umidade, o corpo adapta-se e tem maior capacidade para manter a temperatura corporal normal. Esse processo denomina-se aclimatação. A aclimatação ocorre com mais rapidamente em pessoas jovens ou fisicamente ativas do que em pessoas adultas ou fisicamente inativas.

Fatores de vulnerabilidade

Os fatores que aumentam a vulnerabilidade ao calor incluem:

  • ser muito idoso ou muito jovem;
  • sofrer de determinados problemas de saúde, tais como os cardíacos, os pulmonares, os renais e os de fígado;
  • uso de diuréticos;
  • problema de desequilíbrios na química sanguínea;
  • desidratação.
Destaque para os idosos

Os principais motivos que levam as pessoas mais velhas a terem maior dificuldade para lidarem com o calor são:

  • menor capacidade de aclimatação;
  • diminuição do fluxo sanguíneo na pele, o que não permite que o corpo se resfrie tão depressa;
  • perda de glândulas sudoríparas;
  • percepção tardia do calor, o que leva a uma resposta mais lenta à alteração de temperatura;
  • eventuais problemas de mobilidade, que dificulta a saída de ambientes quentes.

Além disso, certos distúrbios que são mais comuns entre pessoas idosas, como insuficiência cardíaca e renal, podem interferir na capacidade do corpo de se resfriar. Pessoas com hipertensão arterial muitas vezes estão em dieta de baixo teor de sal, o que pode impedir que consumam sal suficiente para repor o que é perdido no suor.

A idade também afeta a sede. Pessoas idosas não sentem sede tão rapidamente como as pessoas jovens. Assim, elas tendem a ficar desidratadas, o que, por sua vez, significa que têm uma menor capacidade para suar em ambientes quentes.

Prevenção

A melhor forma de evitar os distúrbios causados pelo calor é usar o bom senso, evitando espaços fechados, mal ventilados e quentes. As roupas devem ser largas e confeccionadas com tecido que permita a transpiração, como o algodão.

Como os líquidos e os sais se perdem com o suor, é preciso fazer a reposição frequência, por meio do consumo de alimentos e de bebidas ligeiramente salgados — como bebidas esportivas, suco de tomate salgado ou sopa fria. Bebidas alcoólicas e cafeinadas não oferecem boa reposição de líquido e podem piorar a desidratação.

Esforço extenuante em ambientes muito quentes deve ser evitado. Quando não for possível evitá-lo, a temperatura corporal deve ser mantida em índices normais por meio da ingestão de muitos líquidos e refrescando a pele com frequência, umedecendo-a ou molhando-a com água fria. Para repor as quantidades adequadas de líquidos, a ingestão deve continuar mesmo depois de se ter saciado a sede.

Se o esforço tiver que ser realizado em uma atividade continuada — de trabalho, por exemplo — é necessário iniciar um processo de adaptação com duração de 10 a 14 dias antes do esforço máximo. Inicialmente, a atividade deve ser moderada durante cerca de 15 minutos por dia, aumentando lentamente a intensidade e o tempo da atividade.

O aumento lento do nível e quantidade de exercício praticado em ambientes quentes acaba por resultar em aclimatação, que permite que as pessoas trabalhem de forma segura a temperaturas que anteriormente eram perigosas. Progredir de 15 minutos por dia de atividade moderada durante um período quente do dia para 90 minutos de atividade vigorosa durante 10 a 14 dias é geralmente adequado.

A perda de peso após exercício físico ou trabalho pode ser usada para monitorar a desidratação. As pessoas que perdem 2% a 3% do peso corporal devem beber líquidos adicionais e devem ter cerca de um quilo a mais do peso inicial antes da exposição do dia seguinte. As pessoas que perdem pelo menos 4% de seu peso corporal devem limitar sua atividade por um dia.

As pessoas que bebem grandes quantidades de água precisam ficar atentas. Como a água não contém sal o excesso de ingestão pode diluir o sódio que se encontra no sangue — um problema chamado hiponatremia —, o que pode causar convulsões e até mesmo morte. Este problema pode ser atenuado pelo consumo de sal em refeições rápidos ou por meio de bebidas esportivas.

Portanto, para prevenir distúrbios causados pelo calor:

  • garanta a ventilação adequada ou ar condicionado durante as ondas de calor, particularmente para pessoas muito idosas ou muito jovens;
  • jamais deixe crianças, idosos e animais em automóveis em clima quente, principalmente com as janelas fechadas;
  • evite esforço extenuante em ambientes quentes e espaços pouco ventilados;
  • evite usar vestuário pesado;
  • se o esforço no calor for inevitável, use vestuário confortável feito de tecidos leves, faça pausas frequentes, use um ventilador e beba líquidos frequentemente, mesmo que não tenha sede;
  • no caso do esforço inevitável, procure iniciá-lo de maneira gradativa, a fim de permitir que o corpo se adapte;
  • se perder 2% ou mais do peso corporal durante o exercício ou trabalho, beba líquidos adicionais;
  • se perder 4% ou mais do peso corporal durante o exercício ou trabalho, limite a atividade durante um dia;
  • se beber grandes quantidades de água, consuma sais em líquidos e alimentos.