Saúde & Qualidade de Vida

Combater o pernilongo comum é necessário: evita prejuízos à saúde e à qualidade de vida!

 

Se você está no imenso grupo das pessoas que sofrem com os pernilongos, vale a pena entender um pouco mais sobre esses insetos e sobre as formas de combate-los. No caso, estamos falando do Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum, uma das mais de 3 mil espécies de mosquitos existentes no planeta e que se torna especialmente inconveniente nesta época do ano aqui no Brasil.

A seguir, confira algumas características desse inseto que vão lhe ajudar a diminuir o incômodo que ele provoca.

Água suja

De acordo com o Guia de Vigilância do Culex quinquefasciatus, do Ministério da Saúde (MS), do qual foram extraídas as informações que seguem nesse post, essa espécie de mosquito tem comportamento bastante diferente do seu primo Aedes aegypti. A começar pelos hábitos noturnos, que o tornam cada vez mais ativo com o avançar das horas. Além disso, ao contrário do Aedes, que desenvolve criadouros em depósitos de água limpa, o Culex deposita seus ovos em água suja e parada — entre 150 e 280 por vez —, onde haja presença de resíduos orgânicos.

Porém, neste ponto ambos têm algo em comum. Afinal, grande parte dos reservatórios de água limpa utilizada para a deposição de ovos de uma espécie — como calhas entupidas e ralos de água de chuva —, serve à outra, quando se torna estagnada. Sendo assim, a eliminação daqueles reservatórios, necessária ao combate ao Aedes, também é útil para combater o Culex.

Contudo, existem outras medidas que também ajudam a minimizar a infestação por esse mosquito.

Combate no ciclo reprodutivo

Uma vez depositados na água, os ovos levam três dias para eclodirem. Daí em diante, atravessarão duas etapas: a larvária, que dura dez dias, e a de pupa, que se desenvolve em dois dias. Portanto, existe uma janela de 15 dias para que seja feito o combate do pernilongo ainda no berço, bastando para isso eliminar os focos de água estagnada.

Porém, como nem sempre esses focos são acessíveis, uma vez que podem estar formados em galerias de esgoto ou de água de chuva ou em áreas onde haja depósito de entulhos ou vegetação, quando não é possível promover a limpeza, a alternativa está no uso de produtos químicos ou de agentes biológicos.

Para esses casos, o MS recomenda o uso periódico de inseticidas que tenha ação larvicida, o que deve ser feito adotando todos os cuidados no manuseio e utilizando produtos que tenham registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como agentes biológicos, onde for viável, entre outros recursos, são recomendadas a criação de espécies de peixes, como o Poecilia reticullata, um peixe ornamental conhecido como lebiste ou barrigudinho, e de determinados insetos que se alimentam das larvas, como as libélulas.

Na vida adulta

Após o período aquático, os pernilongos iniciam a vida adulta. Os machos, que diferem das fêmeas pela presença de plumas nas antenas e pelo fato de serem “veganos”, passarão a se alimentar da seiva de plantas e do néctar de flores e se farão presentes somente no momento de fecundar as fêmeas.

Estas, por sua vez, se tornam aptas ao acasalamento 24 horas depois de emergirem da água. Uma vez fecundadas, ficam obcecadas por sangue e passam a captar os sinais das fontes do alimento, que surgem na emissão de gás carbônico, do ácido lático presente no suor e da temperatura corporal das vítimas.

Após se fartar de sangue, a fêmea do pernilongo se torna pesada e lenta, o que a leva a buscar ambientes abafados, úmidos e escuros para repousar — como os existentes em armários de pouco uso e em outros locais onde não serão incomodadas. Ali, ela fará a digestão do sangue ingerido e completará a maturação dos ovos, ao longo de uma etapa que dura três dias. Então, partirá para depositar os ovos na água suja e reiniciar todo o processo.

Portanto, interromper esta etapa também é importante. Ou seja, quando a pessoa evita ser picada, além de ficar livre do incômodo, também compromete o ciclo reprodutivo do Culex. Por isso, o uso de repelentes, de mosquiteiros, de telas nas janelas e de outros expedientes que evitem o contato do mosquito com os humanos é tão importante.

Ainda, a eliminação das fêmeas nos locais de repouso — o que pode ser feito com inseticida ou com uma  raquete elétrica — também é importante para interromper a reprodução dos animais. A eliminação de uma fêmea de Culex representa a eliminação de centenas de outros pernilongos.

Prejuízo à saúde

Enquanto o Aedes aegypti é especial e justificadamente temido pelo fato de ser vetor da dengue, da zika e da chicungunha, o pernilongo comum costuma ser menosprezado na comparação com a outra espécie, sendo odiado somente por provocar um zumbido irritante e coceiras que incomodam. Contudo, a esses episódios também podem estar associados riscos à saúde, uma vez que, como destaca o MS, o Culex quinquefasciatus tem potencial para figurar como vetor de doenças, que vão além das alergias e das dermatites provocadas pelas picadas.

Como a filariose, causadora da elefantíase que, felizmente, tem se tornado cada vez menos presente entre humanos no Brasil. Segundo o MS, a doença se encontra erradicada na maioria dos estados, mas ainda afeta humanos e mantém ocorrências entre cães e gatos.

Em nosso país há também a manifestação da encefalite equina, que pode afetar humanos na forma de encefalite humana e de meningite. O pernilongo comum também pode ser transmissor da Febre do Nilo Ocidental, ainda sem manifestações no Brasil, mas que já ocorre nos Estados Unidos, o que reforça a necessidade de combate ao Culex.

Prejuízo ao sossego

Como os hábitos alimentares da fêmea do pernilongo são noturnos, acontecendo naquele horário em que suas vítimas humanas deveriam estar dormindo, o MS considera importante valorizar o chamado Fator de Incômodo. Ainda que seja difícil de mensurar objetivamente, este também é um aspecto importante, que deve determinar o combate ao Culex.

Vale considerar que, em locais onde há infestação de mosquitos, o lazer se torna menos agradável e os momentos de descanso menos proveitosos ou até inviáveis. Sem lazer e com noites mal dormidas, as pessoas ficam menos felizes e produtivas, e tudo por causa de um maldito pernilongo.

Portanto, todo o esforço para eliminar o mosquito será recompensado pela diminuição dos riscos que ele representa e pela conquista de um merecido sossego.