Saúde & Qualidade de Vida

A água fluoretada no combate às cáries

Na primeira metade do século 19, estudos já indicavam haver uma conexão entre a presença do flúor com a redução da incidência de cáries. Porém, foi somente no final dos anos 1930 que esta relação passou a ser levada mais a sério pelas autoridades de saúde pública dos Estados Unidos, que se viram diante das conclusões das pesquisas desenvolvidas pelo dentista Henry Trendley Dean.

Do prejuízo ao benefício

É interessante observar que Dean, que mais tarde se tornaria  diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Odontológicas norte-americano, iniciou suas investigações procurando compreender quais danos a chamada fluorose dentária — doença provocada pelo excesso de flúor na dieta do paciente — causava sobre a dentição. Contudo, como resultado, o dentista acabou percebendo quais seriam as dosagens ideais da ingestão de flúor para que a cárie dentária fosse evitada.

Em 1945, a cidade de Grand Rapids, no estado norte-americano do Michingan, se tornaria a primeira a do mundo a fornecer à população a água fluoretada artificialmente. Em 1951, a fluoretação da água se tornaria uma política de saúde pública do governo dos Estados Unidos.

No Brasil é lei

No Brasil o processo começou a ser adotado em 1953, na cidade de Baixo Guandu, no Espírito Santo. Porém, somente em 1974, por força da Lei Federal nº 6.050, a fluoretação passou a ser obrigatória no país naqueles municípios que dispõem de tratamento de água. Ainda assim, há cidades que não adotam este expediente, que é endossado tanto pela Organização Mundial de Saúde quanto pelo Ministério da Saúde e pela Associação Brasileira de Odontologia.

Ação do flúor

De fato, o flúor ajuda a prevenir as caries quando se concentra nos ossos em crescimento e nos dentes em desenvolvimento das crianças, contribuindo para endurecer o esmalte dos dentes de leite e dos permanentes que ainda não nasceram. O flúor também ajuda a endurecer o esmalte dos dentes permanentes que já se formaram, o que é bastante oportuno.

Afinal, em combinação com a saliva, o flúor atua durante os processos de mineralização e de desmineralização dos dentes, que ocorrem naturalmente na boca. Na primeira etapa, quando a saliva está menos ácida, o que ocorre durante a ausência de alimentos, há a deposição de minerais na dentição — cálcio e fósforo — que se tornam mais duros na presença do flúor. Na etapa seguinte, quando há a ingestão de alimentos, a acidez da saliva aumenta, atacando os minerais que, endurecidos se tornaram mais resistentes ao ataque.

Em BH

Desde 1975, a Copasa faz a fluoretação da água que é distribuída para Belo Horizonte, não havendo registro significativo da interrupção desse processo na capital. Pelos parâmetros da empresa, o teor ótimo de flúor é de 0,74 ppmF (partes por milhão – Flúor), podendo haver uma oscilação entre 0,6 a 0,8 ppmF.

Em 2012, um estudo baseado na PUC Minas avaliou se os índices de fluoretação declarados pela Copasa coincidiam com o que de fato é entregue nos oito distritos sanitários belo-horizontinos. Como conclusão, as pesquisadoras descobriram que a água que consumimos em Belo Horizonte é fluoretada em níveis satisfatórios em todos os distritos.

Entretanto, o uso de um creme dental com flúor ajuda a reforçar a aplicação deste elemento tão importante para a saúde bucal.