Tecnologia

Entenda por que a tecnologia 5G é tão promissora

No último domingo, 2 de abril, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Euler de Moraes, declarou em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, que, aquele que promete ser o maior leilão de radiofrequência de nossa história, criará uma expectativa de investimentos de R$ 40 bilhões no país, que virão a reboque de uma série de inovações. Ele falava do pregão cujo edital foi aprovado pela Anatel em fevereiro e que, até o final deste ano, deve liberar a outorga da telefonia móvel de quinta geração em território nacional — a famosa 5G.

Mas, por que será que esta tecnologia é tão promissora? Veremos um resumo das respostas, a seguir.

As gerações da telefonia móvel

Antes, porém, devemos entender um conceito básico da telefonia celular, que é operada utilizando ondas eletromagnéticas. Como ocorre com as as emissoras de rádio e de televisão, a rede de telefonia utiliza determinas faixas de frequência para operar. O que vai a leilão, portanto, será a autorização para que companhias de telecomunicações utilizem faixas específicas — que são as de 700 megaHertz (MHz), 2,3 gigaHertz (GHz), 3,5 GHz e 26 GHz — na prestação dos serviços móveis de quinta geração.

Cada faixa servirá a uma função na 5G, todas elas representando um conjunto de inovações, que superam, e muito, as gerações anteriores. Porém, toda essa evolução foi possível graça a um processo evolutivo, que vem avançando desde o final dos anos 1970.

Primeira geração (1G)

A primeira geração das redes móveis de telefonia surgiu no Japão em 1979. No ano seguinte, foi implantada nos Estados Unidos e só chegou ao Brasil em 1990. A partir da criação de uma rede de antenas, que recebia e retransmitia os sinais, foi possível libertar as pessoas da necessidade de recorrer a um ponto fixo de telefonia para fazer uma ligação.

Porém, a 1G apresentava sérios problemas. Além de ser sensível à interferências de outros frequências de rádio, trabalhava com sinal analógico, que não pode ser criptografado. Por isso, as chamadas podiam ser facilmente interceptadas, criando risco para a segurança das conversas. A rede também era muito instável, apresentando interrupções frequentes do serviço, e a cobertura do sinal era limitada.

Mesmo assim, representou uma revolução e tanto na forma como as pessoas se comunicavam.

Segunda geração (2G)

Introduzida em 1991, a segunda geração da telefonia móvel já funcionava com sinal digital, o que aumentou bastante a segurança — mas não a ponto de evitar por completo que determinados aparelhos conseguissem interceptar conversas.

Como recurso de grande importância, a 2G criou a possibilidade do envio de mensagens de texto (SMS) e, a partir de 1997, passou a permitir a transmissão de emails. Termos como “TDMA” e “CDMA”, que frequentaram o jargão da telefonia celular, dizem respeito a evoluções do próprio sistema na utilização das bandas de frequência e estão relacionadas às gerações 2.1 e 2.2 da 2G. A geração 2.3 trouxe como inovação o uso dos cartões SIM, os chips, que permitem transferir um número de um aparelho a outro sem qualquer dificuldade.

Além dessas três gerações intermediárias, ainda no tempo da segunda geração, várias outras evoluções aconteceram na telefonia móvel, cada uma delas agregando algo novo na forma como o celular podia ser utilizado. Das mais importantes foi a introdução da tecnologia GPRS, que permite a grande parte dos smartphones se conectarem à internet.

Terceira Geração (3G)

As redes de terceira geração apresentaram um enorme salto evolutivo na telefonia e está em uso até hoje, entrando em operação quando a falhas na 4G. Muito mais rápida e com capacidade de recepção e de transmissão de dados maior do que as gerações anteriores, a 3G permitiu que o celular se transformasse em um aparelho de múltiplas funções, com capacidade, por exemplo, para compartilhar arquivos e para navegar na internet e com a possibilidade para assistir TV e jogar on-line. Desta forma, muito mais do que telefones e transmissores e receptores de mensagens, os aparelhos se transformaram em verdadeiros centros de conectividade “espertos” — ou “smarts”, no inglês, o que deu origem aos smartphones.

Quarta Geração (4G)

A 4G veio para aprimorar a experiência que a 3G já permitia, aumentando a velocidade da navegação na internet. Além disso, oferece maior qualidade nas ligações de voz, permite a utilização de aplicativos de streaming, como o Netflix, e torna mais eficiente a utilização de aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp.

Finalmente, a quinta geração

A quinta geração de telefonia móvel promete proporcionar uma revolução na vida das pessoas e das empresas. Muito além de melhorar a forma como utilizamos os smartphones e mais do que criar outras possibilidades para a o uso desse tipo de aparelho, a 5G surge como um meio de recepção e de transmissão de grande quantidade de dados, que poderão ocorrer em operações realizadas a velocidades entre 100 megabits por segundo (Mbps) e 20 gigabits por segundo (Gbps).

Só para termos uma ideia do que isso representa, de acordo com o site Speedtest, que monitora os serviços de conexão em todo o mundo, em Singapura, onde opera a internet mais veloz do planeta, a velocidade é de 234,4 Mbps em sistema fixo. Segundo o mesmo site, o Brasil aparece em 49º lugar neste ranking, com velocidade de 84,65 Mbps.

Ou seja, na pior performance, a conexão 5G será cerca de 15 Mbps mais rápida do que a melhor velocidade de internet fixa existente hoje no Brasil. Com isso, como destacou o presidente da Anatel ao Brasil em Pauta, será possível incorporar ao cotidiano do brasileiro uma série de tarefas que, hoje, não ocorrem no país. “O 5G vai remodelar a sociedade e os meios produtivos. Para muito além do que aconteceu quando saímos do 3G, teremos internet das coisas, carros autônomos, cirurgias remotas. O 5G alavanca e possibilita várias outras tecnologias, como inteligência artificial, realidade aumentada – tornando cada vez os meios produtivos mais competitivos“, disse Moares.

Bonito de se ver

No podcast Deu Tilt, do canal Uol no YouTube, o professor Moacyr Martucci, do departamento de Engenharia da Computação da USP, que está participando dos processos de análise da implantação da 5G no Brasil, disse que a tecnologia é bonita de se ver, o que pode ser entendido, inclusive, no sentido literal. Afinal, segundo o professor, a conexão permitirá assistir vídeos em streaming com qualidade 8k e será possível realizar videoconferências com imagens  halográficas, por exemplo.

“A 5G é uma ferramenta de conexão, ou seja, vai conectar coisas, equipamentos e pessoas. E vai conectar para automação. A 5G é uma revolução e a característica mais importante é que é uma aplicação que junta telecomunicações com computação e, dentro dela, computação em nuvem, inteligência artificial e big data”, disse Martucci. Com todas essas inovações, o professor estima que a tecnologia deve aumentar o PIB global entre US$ 8 trilhões e US$ 10 trilhões.

Martucci acredita que em um prazo de dois a cinco anos o sistema 5G estará disponível no Brasil.