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O novo coronavírus pode permanecer no ar por horas, diz órgão sanitário do governo dos Estados Unidos

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) atualizou na última sexta (7 de maio) as considerações sobre as possibilidades de transmissão da Covid-19. Segundo o CDC, o novo resumo científico foi atualizado visando refletir o conhecimento mais recente sobre as formas como o contágio pelo SARS-CoV-2, o vírus causador da doença, pode ocorrer.

O CDC informa que os modos de transmissão pelo novo coronavírus foram classificados como inalação do vírus, deposição do vírus nas membranas mucosas expostas e tocar nas membranas com mãos contaminadas. O órgão sanitário americano destacou ainda que, em determinadas condições, o vírus pode permanecer no ar por horas e que o risco de contágio está associado à carga viral existente no ambiente.

Entretanto, ainda que tenham surgido novos entendimentos sobre os mecanismos de transmissão, o CDC reafirma que as medidas de prevenção já consagradas continuam válidas.

Formas de contágio

Segundo o CDC, os estudos confirmam que a exposição aos fluidos respiratórios infectados pelo vírus pode ocorrer de três formas:

  • pela inalação de gotículas respiratórias muito pequenas e de partículas de aerossol suspensa no ar;
  • pela deposição dessas partículas na mucosa da boca, nariz ou olhos, seja por respingos diretos ou por sprays;
  • ao tocar as mucosas com as mãos contaminadas por esses fluidos.

O órgão destaca que os fluidos são liberados durante a respiração tranquila ou quando a pessoa fala, canta, espirra, tosse ou faz exercícios. Nesse momento, uma pessoa infectada pode liberar gotas grandes e pequenas contaminadas pelo vírus. As maiores permanecem no ar por segundos e minutos. As gotículas e as partículas de aerossol, por sua vez, podem permanecer suspensas no ar por minutos e até por horas.

O CDC destaca que uma forma de transmissão não exclui a outra. Ou seja, mais de uma pode acontecer ao mesmo tempo e cada uma delas apresenta riscos específicos.

Os estudos verificados pelo CDC indicam que inalar gotículas ou partículas de aerossol apresenta risco maior em distâncias inferiores a dois metros (a rigor, seis pés ou 1,8 metros) da pessoa infectada. Indicam também que a deposição do vírus por meio de respingos e borrifos que são exalados pela pessoa infectada também é maior quando há proximidade com a pessoa, onde haverá maior concentração do material contaminado.

As mãos podem ser contaminadas diretamente por esse material, quando é exalado por pessoa infectada, ou indiretamente, ao tocar uma superfície que contenha o fluido.

Contágio a distância maior que dois metros

É possível contrair o vírus a distância maior que dois metros da pessoa contaminada, diz o CDC. O órgão destaca que, embora o risco de transmissão a distâncias inferiores seja maior, o contágio em distâncias maiores foi repetidamente documentado em determinadas circunstâncias que podem ser evitadas.

Segundo o CDC, os eventos registrados envolviam a presença de uma pessoa infectada exalando vírus em ambientes fechados por mais de 15 minutos e, em alguns casos, por horas. Em situações assim, a concentração do vírus no ar foi suficiente para transmitir a doença a distâncias superiores a dois metros.

Em alguns casos, pessoas que passaram por aquele espaço logo após a saída da pessoa infectada contraíram a doença. De acordo com relatórios publicados, os fatores que aumentam o risco de infecção por SARS-CoV-2 nessas circunstâncias incluem:

  • haver espaço fechado, com ventilação ou tratamento de ar inadequados, onde os fluidos respiratórios contaminados possam se acumular no ambiente aéreo;
  • haver aumento na exalação dos fluidos, o que pode acontecer quando a pessoa infectada faz um esforço físico maior ou aumenta o tom de voz — o que ocorre, por exemplo, quando ela está se exercitando, gritando, cantando;
  • haver exposição prolongada a essas condições — normalmente, superior a 15 minutos.
Concentração do vírus

Já se sabia anteriormente que a gravidade da Covid-19 está associada à quantidade de vírus que uma pessoa contrai. A esta informação, os estudos mais recentes analisados pelo CDC acrescentaram que o risco de infecção pelo SARS-CoV-2 também aumenta quando a pessoa é exposta a maior concentração de vírus.

O órgão destaca que, uma vez que as gotículas e partículas infecciosas são exaladas, elas se movem para fora da fonte com um determinado alcance. Por isso, o risco de infecção diminui com o aumento da distância da fonte e o aumento do tempo após a expiração.

Contudo, o CDC destaca os dois processos relacionados abaixo como sendo principais para determinar a quantidade de vírus à qual uma pessoa fica exposta ao respirar ou ao tocar uma superfície contaminada:

  1. Perda progressiva de viabilidade do vírus infectar alguém
    Quando expostos a fatores ambientais — como temperatura, umidade e radiação ultravioleta (da luz solar, por exemplo) —progressivamente, o vírus vai perdendo a capacidade infecciosa. Portanto, quanto mais tempo o vírus fica exposto, menor é a sua viabilidade e menor se torna a concentração viral em um ambiente.
  2. Diminuição progressiva da concentração de vírus no ar, que ocorre conforme:
  • a força da gravidade faz com que gotículas respiratórias maiores e mais pesadas que estejam contaminadas caiam no solo ou sobre outras superfícies;
  • as gotículas muito pequenas e partículas de aerossol suspensas vão se misturando e se diluindo quando há volume e fluxo de ar crescente no ambiente onde estão.

O CDC ressalta que esta mistura não é necessariamente uniforme e pode ser influenciada pela variação de temperatura, que pode acontecer de forma diferentes entre pontos de um mesmo ambiente, e pelo forma inicial das exalações. Portanto, a diminuição da concentração de vírus em um ambiente vai depender também de acordo com esses fatores.

Quanto tempo dura o risco no ar e em superfícies

Outro resumo recente do CDC, publicado no dia 5 de maio, destaca que a permanência do vírus em um ambiente fechado pode ocorrer por intervalos que vairam de minutos a horas, o que dependerá de vários fatores — carga viral, ventilação, temperatura, entre outros. Segundo o órgão, é baixo o risco de contrair a doença entrando em um ambiente onde uma pessoa contaminada tenha estado a mais de 24 horas. Contudo, o risco existe e quanto mais ventilado o ambiente for, menor será a possibilidade de contágio ao longo do tempo.

Segundo o CDC, o uso de máscara de forma consistente e correta pode reduzir substancialmente a quantidade de vírus em ambientes fechados, incluindo a quantidade de vírus que atinge as superfícies.

Com relação à deposição do SARS-CoV-2 sobre superfícies, o CDC analisou estudos que demonstram que há diferenças nos riscos apresentados por superfícies porosas com relação às não porosas. Ainda que esses riscos sejam baixos, se comparados a outras formas de contágio, eles existem.

Em superfícies não porosas — como aço, plástico e vidros — o SARS-CoV-2 pode permanecer ativo por dias ou até por semanas, dependendo das condições ambientais. Nas porosas o vírus permanece ativo por minutos ou por horas e há estudos que relacionam esta diferença à maior capacidade de evaporação dos fluidos que as últimas apresentam.

De qualquer forma, a recomendação para que as superfícies sejam higienizadas permanece. O processo de higienização pode inativar o vírus — pelo contato com produto de limpeza — ou removê-lo mecanicamente.

Portanto, diante dos últimos resumos do CDC, além de mantermos as medidas já bastante propagadas — usar máscara de forma correta e constante, higienizar as mãos e manter a distância de outras pessoas —, como recursos adicionais na prevenção à Covid-19, devemos continuar higienizando as superfícies e cuidar para que os ambientes estejam sempre bem ventilados.

Uma dica

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