Cultura

Ouvir música enquanto estuda, ajuda ou atrapalha o aprendizado?

Os smartphones provocaram uma revolução na forma de ouvir música que só tem paralelo no lançamento do walkman, ocorrido em 1979, quando, finalmente, as pessoas se libertaram dos equipamentos de som que ficavam solenemente instalados em algum ambiente da casa ou fixos nos painéis dos veículos. Atualmente, aliando a conectividade às funções dos modernos aparelhos e aos aplicativos de música, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer ambiente, é possível ter acesso a repertórios de artistas do mundo todo, de todas as épocas, o que é ótimo.

Porém, será que esse benefício também é válido para crianças e para adolescentes na hora de estudar?

Avaliação

Para Timoty Byron, que é pesquisador da Psicologia da Música e professor de psicologia da Universidade de Wollongong, na Austrália, essa é uma questão que precisa ser vista sob dois aspectos. Por um lado, a música tem o poder de melhorar o humor das pessoas, o que é bom para o estudante. Por outro, ao mesmo tempo, ela é uma distração, o que atrapalha a concentração e pode prejudicar o estudo.

Portanto, segundo Byron, a resposta vem de uma avaliação da qualidade da música que é ouvida, que deve ser reduzida, se for perturbadora, e aumentada, se melhora o humor

Música e bom humor

Byron cita o chamado “Efeito Mozart”, que condicionaria uma pessoa a ficar “mais inteligente” por ouvir as obras do compositor austríaco e outras de mesmo nível de qualidade. Essa afirmação se baseia em pesquisas que identificaram uma melhoria nos resultados de testes associada à audição de músicas complexas, como a de Mozart, que estimulariam partes da mente que são responsáveis pelas habilidades matemáticas. “No entanto, pesquisas posteriores desbancaram conclusivamente a teoria do efeito Mozart. Não tinha nada a ver com matemática. Simplesmente a música nos deixa de bom humor”, diz o professor.

Para apoiar essa ideia, Byron destaca outra outra pesquisa, de 1990, que identificou o “Efeito Blur”. O estudo observou um melhor desempenho em testes com crianças enquanto ouviam a banda Blur — que toca BritPop, um estilo de música britânico na linha do Artic Monkeys e Oasis, que tem melodias suaves. “Na verdade, os pesquisadores descobriram que o efeito Blur era maior do que o efeito Mozart, simplesmente porque as crianças gostavam mais de música pop como Blur do que de música clássica”, diz.

Diante disso, o pesquisador concluir que, provavelmente, quando a pessoa está de bom humor ela se esforça um pouco mais e fica mais disposta para cumprir tarefas desafiadoras.

Música e distração

O outro lado na moeda está na capacidade de provocar distração que é próprio da música em determinadas circunstâncias. “Quando você estuda, você está usando sua ‘memória de trabalho’. Isso significa que você está retendo e manipulando vários bits de informação em sua cabeça ao mesmo tempo”, explica Byron.

O professor ressalta um estudo que deixa clara a piora  dessa memória de trabalho quando existe música ao fundo, principalmente música que contém vocais. “Provavelmente, como resultado, a compreensão da leitura diminui quando as pessoas ouvem música com letra . A música também parece distrair mais as pessoas introvertidas do que as extrovertidas, talvez porque os introvertidos sejam mais facilmente superestimulados”, considera.

Meio termo

Byron cita os trabalhos de uma equipe liderada por Bill Thompson, outro pesquisador australiano, que buscou descobrir os efeitos dos dois fatores concorrentes de humor e de distração para quem ouve música. “Eles fizeram com que os participantes realizassem uma tarefa de compreensão bastante exigente e ouvissem música clássica lenta ou rápida, suave ou alta. Descobriu-se que a única vez que houve uma diminuição real no desempenho foi quando as pessoas estavam ouvindo música rápida e alta. Mas, não foi uma diminuição muito grande”, observa.

Portanto, para resumir, Byron conclui que, para que não é introvertido, ouvir música pode ser positivo enquanto estuda, isso se a música deixar de bom humor, não for uma acelerada nem muito alta e não contiver letra.

 


 

Uma dica

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