Economia & Finanças

O empreendedorismo nem sempre é capacidade nata e pode ser aprendido

Cerca de 10% da população brasileira em idade adulta se enquadra na categoria dos empreendedores, é o que diz um estudo realizada pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). O trabalho aborda dados de 2021, que, na comparação com o ano anterior, apresentaram elevação de 1,2 pontos percentuais, colocando o Brasil na sétima posição do empreendedorismo mundial.

Esses números têm um significado ainda mais especial se considerarmos que, há pouco mais de 20 anos, a palavra “empreendedorismo” sequer fazia parte dos dicionários da Língua Portuguesa. No entanto, hoje tem posição de protagonismo na atividade econômica nacional.

Mas, o que significa “empreendedorismo”?

Atualmente, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP) não permite dúvidas sobre o que já deixou de ser mero neologismo e assumiu a definição de algo que sempre fez parte da realidade brasileira. Afinal, o DPLP define o empreendedorismo como a “atitude de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de organização e administração”.

Para o Sebrae, o empreendedorismo se traduz na capacidade que o empreendedor tem para identificar problemas e oportunidades e, a partir disso, desenvolver soluções, criando algo útil para a sociedade. Considerando a inventividade e a boa disposição para encarar desafios de grande parte da população brasileira, o Brasil ainda tem muito a oferecer nessa área.

Inovação

Para o economista austríaco Joseph Schumpeter, o empreendedor é aquele sujeito que assume o encargo de realizar novas combinações entre as possibilidades que encontra à sua disposição, o que relaciona esta habilidade diretamente à capacidade de promover inovação. Assim, a criação de novos produtos ou de novos métodos de produção e de venda de mercadorias e a abertura de novos nichos de mercado estão vinculados ao empreendedorismo.

De acordo com Schumpeter, “a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios e sempre tem a ver com criar uma nova forma de usar recursos, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações”.

Características

Nessa altura, alguém pode estar pensando que não levajeito para o empreendedorismo, adotando uma ideia que não faz muito sentido. Vale considerar que empreender é uma habilidade que surge dos contatos sociais, dos estudos e do desenvolvimento de talentos natos, que podem ser aprimorados e melhor aproveitados ao longo da vida.

Nesse sentido, é preciso buscar o desenvolvimento de algumas características, que são favoráveis ao empreendedor. A começar pelo otimismo, que não deve ser confundido com a ilusão. O verdadeiro otimista acredita no futuro e, com isso, busca os meios para alcançar os melhores resultados, sempre levando em conta os riscos e a necessidade de ter os pés no chão.

Para isso, é preciso a autoconfiança, outra característica que é indispensável para a valorização dos próprios talentos e para a capacidade de defender ideias e opiniões, requisitos que são muito úteis ao empreendedor. Estas condições surgem a partir de outro traço importante: o da coragem. O empreendedor precisa aceitar o desafio do risco sem temer a derrota, fazendo de tudo para alcançar o sucesso.

Por fim, a persistência e a resiliência impedem que o empreendedor perca a motivação enquanto é confrontado pelos obstáculos que podem surgir pelo caminho. Quem deseja empreender não pode desistir facilmente. Ao contrário, deve perseverar e se adaptar às situações que os imprevistos lhe impõem.

Preparo

Contudo, mesmo com todas as características que um empreendedor deve procurar desenvolver, os bons resultados só virão se elas forem combinadas com um bom projeto e com investimento adequado no planejamento das ações e em um plano de negócios bem cuidado. Ainda que a inventividade possa levar a experiências e a improvisos nos ensaios, empreender requer preparo.

Portanto, buscar estudos e consultorias especializadas ajudam o empreendedor a se preparar para errar menos e para alcançar os resultados pretendidos em um prazo menor e com um maior  aproveitamento do trabalho e da dedicação. Ou seja, ainda que o talento ajude bastante, o empreendedorismo não é uma capacidade que já nasce com a pessoa. Ele pode ser aprendido.